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ORAÇÃO À SAGRADA FACE Ó meu Jesus, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que a vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas volvei-a para nosso coração, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos haurir nesta fonte inesgotável as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém. ORAÇÃO DA AMIZADE Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecido de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque humanos. Fazei-me, obstante as dificuldades, bondoso e verdadeiramente amigo para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. Amém. Envie sugestões e duvidas para



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ESTUDOS II
ESTUDOS II

Natureza da Família

(Catecismo da Igreja Católica)

A comunidade conjugal está fundada no consentimento dos esposos. O casamento e a família estão ordenados para o bem dos esposos, a procriação e a educação dos filhos. O amor dos esposos e a geração dos filhos instituem entre os membros de uma mesma família relações pessoais e responsabilidades primordiais.

Um homem e uma mulher unidos em casamento formam com seus filhos uma família. Esta disposição precede todo reconhecimento por parte da autoridade pública; impõe-se a ela (isto é, não depende da autoridade civil para se constituir) e deve ser considerada como referência normal, em função da qual devem ser avaliadas as diversas formas de parentesco.

Ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a de sua dignidade. Para o bem comum de seus membros e da sociedade, a família implica uma diversidade de responsabilidades, de direitos e de deveres.

"Uma revelação e atuação específica da comunhão eclesial é constituída pela família cristã, que também, por isso, se pode e deve chamar igreja doméstica".(1) É uma comunidade de fé, de esperança e de caridade; na igreja ela tem uma importância singular, como se vê no Novo Testamento. (2)

A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é reflexo da obra criadora do Pai. Ela é chamada a partilhar da oração e do sacrifício de Cristo. A oração cotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortificam nela a caridade. A família cristã é evangelizadora e missionária.

As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém sobretudo do respeito mútuo entre as pessoas. A família é uma comunidade privilegiada, chamada a realizar "uma carinhosa abertura recíproca de alma entre os cônjuges e também uma atenta cooperação dos pais na educação dos filhos". (3)

(1) Familiaris Consortio
(2) Ef 5,21-6,4; Cl 3,18-21; 1Pd 3,1-7
(3) Gaudium et Spes

A missão do leigo na igreja
Hoje, mais do que nunca, as pessoas precisam identificar-se com algo que lhes afirme o sentido de sua existência. A missão do leigo é justamente levar o Evangelho, que mostra esse sentido, a todos onde a Igreja edificada não alcança. Onde os sacerdotes não chegam e junto à pessoas que não passam perto dos templos.

Devemos nós procurar responder os anseios das pessoas que estão junto ao nosso convívio, com respostas firmes, provindas de nossa fé e reenviá-las ao Evangelho de Jesus Cristo que é a resposta a todos esses anseios humanos. Somos católicos 24h, no trabalho, no clube, no lar, no restaurante, enfim em todos os momentos.

Como cristãos, temos essa grande responsabilidade, a de mostrar aos que já foram batizados e agora estão desiludidos, famintos e sedentos de Deus e às vezes, justamente por essa procura, caminham numa estrada confusa e manipulada.

A mensagem deve ser autêntica e responder às grandes interrogações das pessoas e do mundo de hoje, pelo anúncio do Evangelho fundamentado na vivência e no testemunho, inclusive para com sacerdotes que precisem de fortificar a fé e a perseverança; afinal todos somos fracos.

Cristo não mandou somente batizar, mas também alimentar os batizados com o Pão da Palavra (Mt 28,19): "Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ensinei".

A grande função do leigo é tornar-se mensageiro do Evangelho de Jesus Cristo hoje, com gratidão, entusiasmo e convicção como protagonistas vivenciados na Palavra de Deus. Devemos saber recuperar a memória dos ensinamentos de Jesus e levar adiante a Sua proposta, sem sermos inoportunos, mas sem perder uma única oportunidade, com amor e sem receio. Muitas vezes será por nosso intermédio que voltarão à Igreja Católica.

Nunca se precisou tanto de todos, bons religiosos e bons leigos - o sal da terra, a luz do mundo. No alvorecer de uma nova época, onde os costumes e a família estão tão desregrados, é fundamental mostrarmos nós o outro lado de um modo de ser sadio, pelo valor das orações, pelo bem estar comum, numa preparação para o Paraíso. Nós sabemos onde queremos chegar e como chegar.

Celebrar a Quaresma e a Semana Santa é celebrar a nossa própria história.

Na Semana Santa, revivemos o ponto mais alto da vida de Jesus Cristo: sua Paixão, Morte e Ressurreição. Seu exemplo de humildade e serviço, amor ao próximo, solidariedade, compaixão, despojamento: lavando os pés dos discípulos, instituindo a Eucaristia, partindo o pão e mostrando o que também deveríamos fazer.


Na via Sacra e na Procissão do Senhor Morto vemos toda sua doação, todo seu sacrifício e perseverança, seu rebaixamento e disponibilidade, sendo Deus e fazendo-se Homem, sofredor como nós. Tudo suporta com amor e fortaleza, dando-nos o exemplo. E no Sábado Santo dá-nos a certeza da vitória, destruindo nosso maior inimigo: a morte. Ressuscita e mostra-nos que todo sacrifício, toda doação, toda luta, todo esgotamento vivido com perseverança em busca do verdadeiro amor, vale a pena. Mostra-nos que todos os nossos gestos em prol do irmão e da vida são guardados com carinho por Deus.


Então, podemos perceber que celebrar a Quaresma e a Semana Santa é celebrarmos a nossa própria história. Jesus foi humano como nós e Sua divindade chama-nos à perfeição que deve ser entendida como realização pessoal, amadurecimento humano, felicidade.


Às vezes temos a impressão de que a vida de Jesus é apenas uma história bonita contada na Bíblia, que passou, ou que talvez nunca tenha existido. Mas, muitos já perceberam que Ele é real e pode transformar nossa vida. Ele é uma pessoa viva, presente, que interage conosco e lança um desafio a cada um de nós: descobrimos o Seu rosto, delinearmos Seus traços na história de nossa vida. E isto acontece somente se estivermos dispostos a isso. Não deixemos a Graça de Deus passar em vão! Depois pode ser tarde demais... O amanhã pode não chegar! Não percamos tempo com o que não vale a pena!


Porque rezamos pelos mortos

D. Antônio Afonso de Miranda, SDN - Bispo Emérito de Taubaté (SP)

Nossos mortos, que comemoramos no Dia de Finados (2 de novembro), não estão mortos. Estão vivos, com uma outra vida, junto de Deus, que não se acabará. O livro da Sabedoria, na Bíblia, nos ensina que os justos, os que perseveram na fé, não morrem (Sb 2,23). O mesmo livro da Sabedoria assegura: "Os justos vivem para sempre, recebem do Senhor sua recompensa, cuida deles o Altíssimo. Receberão a magnífica coroa real, e das mãos do Senhor, o diadema da beleza." (Sb 5, 15 e 16).

Mas, e os que não são justos? E os que morreram separados de Deus? Também estes vivem, porém de outro modo. Descrevendo a cidade de Deus onde vivem os justos, São João diz o seguinte no livro do Apocalipse: "Nela jamais entrará algo de imundo, e nem os que praticam abominação e mentira." (Ap 21, 27). Portanto, os pecadores, os maus, ali não entram. A morada dos justos é junto de Deus. A morada dos maus é a eterna separação de Deus. Assim se compreende a diferença entre céu e inferno.

A criatura humana é inextinguível, porque feita à imagem e semelhança de Deus.

Sobreviverá, por isso, de modo novo, que não sabemos explicar, após a morte. Este modo será de eterna felicidade junto de Deus para os bons, ou de eterna desgraça pela separação de Deus, para os maus. A fé, entretanto, sempre nos levou a crer que muitas pessoas, apesar de imperfeitas e manchadas, não se distanciaram de Deus por uma absoluta prevaricação. Estas pessoas, após a morte, devem ser purificadas. Então, haverá pecados que possam ser perdoados, ou de que possamos nos purificar no outro mundo? Foi o que ensinou Jesus: "Se alguém disser blasfêmia contra o Espírito Santo, nem neste mundo, nem no outro isto lhe será perdoado." (Mt 12, 32). Do que inferiu o 1º Concílio de Lião: "disto se dá a entender que certas culpas são perdoadas na presente vida, e outras o são na vida futura, e o Apóstolo disse que "a obra de cada um, qual seja, o fogo a provará" e "aquele cuja obra arder ao fogo, sofrerá; mas ele será salvo, porém, como quem o é através do fogo" (I Cor 3, 13 e 15) - (DENZINGER – Enchiridion Symbolorum, Ed. 30, Herder, MCMLV, p. 212, n. marginal 456).

Por difícil que pareça o texto do Apóstolo em I Cor 3, 13 e 15, que citamos com a autorizada interpretação do 1º Concílio de Lião, dele fica bem claro que algumas pessoas serão salvas, "porém através do fogo", que as purificará. É este estado após a morte que a doutrina católica sempre denominou Purgatório. Palavra esta, creio eu, salvo melhor juízo, mal traduzida do grego para o latim - onde o vocábulo Purgatorium soa como purgante, pelo que a melhor versão latina seria Purgatio, que em português se deve traduzir por purificação. (Verifique-se SARAIVA - Novíssimo Dicionário Latino-Português, 1ª ed. - Livraria Garnier, p. 981-982, verbetes em questão). Entende-se pois, a palavra Purgatório, como Purificação, significando aquele estado em que, após a morte, seremos purificados de faltas não mortais, antes de sermos admitidos à luz puríssima de Deus.

É assim, aliás, que o entendeu o novo CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, ao expor esta matéria: "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, afim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do Céu." (nº 1030).

Sempre ensinou também a Igreja Católica que, aos mortos que devem ser purificados, muito ajudam os sufrágios, preces e sacrifícios dos irmãos vivos, visto o imenso tesouro da chamada "comunhão dos santos". Para ensinar esta doutrina, a Igreja sempre se amparou no texto bíblico do 1º Livro dos Macabeus 12, 38-45, que assim conclui: "É, pois, santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para
que sejam livres dos seus pecados." Este é o motivo de nossas orações pelos falecidos. Cremos que estão vivos. Cremos que a fé em Cristo os salvou. Não esquecemos, porém, que muitas fragilidades humanas talvez impeçam a sua imediata acolhida na visão beatífica. E por eles oferecemos preces e sacrifícios, especialmente no Dia de Finados, para que, quanto antes, lhes resplandeça a luz da bem-aventurança.


História do Dia de Finados

A história do Dia de Finados começa no século I, quando os cristãos iam ao túmulo dos mártires nas catacumbas, rezar pelos que morreram sem martírio. A "memória dos mortos" na celebração da missa existe desde o século IV. No século V, a Igreja dedica um dia por ano para rezar pelos mortos, pelos quais ninguém reza e dos quais ninguém se lembra.

No século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade cristã a dedicar, anualmente, um dia pelos mortos. Desde o século XIII esse dia anual por todos os mortos é comemorado no dia 02 de novembro, porque no dia 1° de novembro celebra todos os santos que morreram, mas não foram canonizados, não tendo, portanto, um dia de celebração no calendário litúrgico da Igreja.

O dia de todos os mortos, após o dia de todos os santos, no calendário da liturgia católica tem o mesmo sentido de celebrar todos os que morreram e não são lembrados por ninguém ou não recebem a prece de ninguém.

OS ANJOS

(Catecismo da Igreja Católica)

A Existência Dos Anjos

Uma Verdade de Fé A Existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente dos anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da tradição. Quem São

Os Anjos?

Sto.Agostinho diz a respeito deles: "Angelus officii nomen est, non naturae. Quaeris nomen huius naturae , spiritus est; quaeris officium, angelus est; quaeris officium, angelus est, ex eo quod est, spiritus est, ex eo quod agit, angelus - Anjo ( mensageiro ) é designação de cargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, é um anjo por aquilo que faz". Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam "constantemente a face de meu Pai que está nos céus" ( Mt 18,10 ), são "poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra"( Sl 103,20 ). Como criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e vontade: são criaturas pessoais (Pio XII: DS 3891) e imortais(Lc 20,36). Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória (Dn 10,9-12).

Cristo "Com Todos Os Seus Anjos"

Cristo é o centro do mundo angélico. São seus os anjos: "Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos..." ( Mt 25,31 ). São seus porque foram criados por e para Ele: "Pois foi nele que foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, ao visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele" ( Cl 1,16 ). São seus, mais ainda, porque Ele os fez mensageiros de seu projeto de salvação. "Porventura não são todos eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação? ( Hb 1,14 ).

Eles aí estão, desde a criação(Jô 38,7) e ao longo de toda História da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta salvação e servindo ao designo divino de sua realização: fecham o paraíso terrestre (Gn 3,24), protegem Lot (Gn 19), salvam Agar e seu filho (Gn 21,17), seguram a mão de Abraão (Gn 22,11), comunicam a lei por seu ministério (At 7,23), conduzem o povo de Deus (Ex 23,20-23), anunciam nascimentos (Jz 13) e vocações (Jz 6, 11-24; Is 6,6), assistem os profetas (1Rs 19,5), para citarmos apenas alguns exemplos. Finalmente, é o anjo Gabriel que anuncia o nascimento do Precursor e o do próprio Jesus (Lc 1,11-26).

Desde a Encarnação até a Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é cercada da adoração e do sevico dos anjos. Quando Deus "introduziu o Primogênito no mundo, disse: "Adorem-no todos os anjos de Deus (Hb 1,6). O canto de louvores deles ao nascimento de Cristo não cessou de ressoar no louvor da Igreja: "Glória a Deus..."(Lc 2,14). Protegem a infância de Jesus, servem a Jesus no deserto, reconfortam-no na agonia, embora tivesse podido ser salvo por eles da mão dos inimigos, como outrora fora Israel. São ainda os anjos que "evangelizam", anunciando a Boa Nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo. Estarão presentes no retorno de Cristo, que eles anunciam, a serviço do juízo que o próprio Cristo pronunciará.

A Eutanásia

(Catecismo da Igreja Católica)

Aqueles cuja está diminuída ou enfraquecida necessitam de um respeito especial. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas, para levar uma vida tão normal quanto possível. Sejam quais forem os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inadmissível. Assim, uma ação ou uma omissão que, em si ou na intenção, gera a morte a fim de suprimir a dor constitui um assassinato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus vivo, seu criador. O erro de juízo no qual se pode ter caído de boa-fé não muda a natureza deste ato assassinato, que sempre deve ser condenado e excluído (Cf. Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé).

A interrupção de procedimentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionais aos resultados esperados pode ser legítima. É a rejeição da "obstinação terapêutica". Não se quer dessa maneira provocar a morte; aceita-se não poder impedi-la. As decisões devem ser tomadas pelo paciente, se tiver a competência e a capacidade para isso; caso contrário, pelos que têm direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente. Mesmo quando a morte é considerada iminente, os cuidados comumente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O emprego de analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, ainda que com o risco de abreviar seus dias, pode ser moralmente conforme à dignidade humana se a morte não é desejada, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma privilegiada de caridade desinteressada. Por esta razão devem ser encorajados.

A Espiritualidade dos Finados
Os mortos emudecidos estão convidando a nós, os vivos do meio da agitação da vida, pedindo nossas orações e oferecendo a lição de sua passagem. Nós colocamos nos seus sepulcros as flores da primavera: vidas radiantes, cortadas, entregues a perecimento.

Que sentimentos exalam as flores que comovidos colocamos nos túmulos dos nossos queridos falecidos? Seria a dor, o desespero, ou talvez a esperança e a saudade? Em alguns, as flores evocam a tristeza da dor, da destruição, da consumação, do aniquilamento. Outros enfeitam suas coroas com flores de sua saudade, e com a fragrância das flores sobem ao céu suas preces e anseios na esperança do encontro na eternidade.

Apesar da dor e da saudade, o dia de Finados tem seu encanto todo especial: para o morador enjoado das cidades contaminadas traz o ar puro das alturas. Vale a pena subir nas alturas onde, em vez de detalhes, podemos perceber os grandes contornos. Vale a pena subir às alturas do destino humano para que saibamos avaliar o peso e o valor dos nossos projetos, o rumo dos nossos caminhos.

Não será difícil essa subida já que todos nós somos chamados por alguém que está esperando aquele encontro: quem sabe, está nos esperando o pai ou a mãe, um irmão, os nossos avós, um amigo muito querido. Vamos subir nos degraus da oração e aprenderemos grandes coisas se soubermos escutar com coração dócil o ensinamento das almas.

O que nos ensinam as almas?

Elas falam assim: neste mundo, já são extintas as paixões, não mais nos atormentam os desejos terrenos: do trabalho, da agitação da vida, das realizações, das ambições. Pararam as lutas, apaziguaram-se as nossas revoltas. Tudo que era ideal: força, beleza, ciência e arte, em nosso mundo já é ultrapassado. Em toda alma imortal, está gravado com palavras luminosas: SOLI DEO, "unicamente a Deus". Impedida pelas manchas da minha vida, não posso chegar à visão beatífica do meu Criador e Salvador. Tenho que passar "através do fogo" de purificação (1Cor 3,15), para que, libertada de toda escória sumana no crisol do Amor Divino, possa entrar nas moradas eternas. "Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei ver a face de Deus?" (Sl 41,3). Nós estamos cheios de esperança, o nosso olhar fixo no Senhor, à meta final da existência: "Como os olhos da escrava para a mão da sua senhora, assim estão nossos olhos no Senhor nosso Deus até que se compadeça de nós" (Sl 122,2).

Descobrimos a Comunhão dos Santos

O mês de novembro, com a festa de Todos os Santos e com os finados, celebra a doce verdade da nossa fé: A Comunhão dos Santos. "Cremos na comunhão de todos os fiéis em Cristo: dos que ainda peregrinam sobre a terra, dos defuntos que ainda estão em purificação e dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja. E cremos que nesta comunhão dispomos do amor misericordioso de Deus e de seus santos que estão sempre atentos a ouvir as nossas orações, como Jesus nos disse: "Pedi e recebereis"" (Lc 10,9), (Paulo VI, O Credo do Povo de Deus).

Toda Igreja reunida em Cristo e nele formando um só Corpo, acha-se ligada por admirável laço à vida de todos os outros irmãos na unidade sobrenatural do Corpo Místico de Cristo. Aos membros do Corpo de Cristo abrem-se os tesouros da Igreja. Os tesouros da Igreja não são seus bens materiais acumulados no decorrer da história, mas é o valor infinito e inesgotável das expiações e méritos do nosso Redentor, Jesus Cristo, como também o valor imenso das preces e boas obras da Bem-aventurada Virgem Maria e de todos os Santos que "completaram, na sua carne, o que falta das tribulações de Cristo pelo seu Corpo que é a Igreja" (Cl 1,24).

Portanto, existe forte laço de caridade e intercâmbio espiritual entre os fiéis já admitidos na pátria celeste, entre os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam sobre a terra. Enquanto nós ajudamos com nossas preces as almas do purgatório para que mais depressa possam ser conduzidos a gozar plenamente dos bens celestes, confiamos também na sua intercessão por nós.

Santifiquemos este dia de Finados, na fé da comunhão dos santos oferecendo nossas preces e nossos sacrifícios, unidos ao sacrifício de Jesus Cristo.

"Somente com a fé superamos perdas irreparáveis"

A dor, a saudade dos finados ensinam o peregrinante desta vida a procurar o verdadeiro rumo da nossa peregrinação, para que, andando no meio dos bens que passam, não percamos os bens eternos.

Recebemos a belíssima lição de um jovem filho do comandante de avião, acidentado. Inconsolável com a morte do pai, não teve condições de dar entrevista, mas deixou escrita sua dor num guardanapo de papel. Eis as palavras que o jovem dirigiu a seu pai:


"Fica muito difícil começar um monólogo, pois se trata de uma grande e triste despedida, uma despedida sem retorno. Cada vez que eu olhar para o céu, vou me lembrar de você: se aqui terminaram os seus sonhos, seus momentos de liberdade, os meus apenas começaram. Com muita dor, mas com mais vontade de chegar onde você chegou, eu gostaria que todos que hoje sofrem como eu, tivessem fé, pois somente com a fé superamos perdas irreparáveis. Hoje me sinto sozinho no mundo, mas com um ideal bem maior que ser humilde aviador: voar. Voar para encontrar no céu respostas que hoje me foram levadas. Te amo, meu pai".
Como o publicano do Evangelho, a alma acabrunhada sob o peso de seus pecados, quase não ousa erguer sua voz das profundezas de sua miséria. Afirma sua confiança na misericórdia divina e conclama todo o povo a viver com ela a graça da Redenção (ler o Salmo 129).