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ORAÇÃO À SAGRADA FACE Ó meu Jesus, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que a vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas volvei-a para nosso coração, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos haurir nesta fonte inesgotável as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém. ORAÇÃO DA AMIZADE Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecido de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque humanos. Fazei-me, obstante as dificuldades, bondoso e verdadeiramente amigo para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. Amém. Envie sugestões e duvidas para



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TERCEIRA IDADE
TERCEIRA IDADE

Há alguns anos

Por: Arturo G. Círdenas Chagoya

Com o passar dos anos, aprendi que nós, os seres humanos, sem importar o gênero, raça, nem idade, navegamos entre uma infinidade de emoções e contradições.

Tem dias em que nosso interior brilha esplendorosamente e sentimos que podemos conquistar a própria glória. Em outros, sem importar os estímulos, a bruma das insatisfações turva, bloqueia e paralisa nossas intenções de ir para frente.

Aprender a viver estas mudanças é, ao mesmo tempo, um desafio e uma virtude. Trata-se de abordagens e de atitudes.

Há poucos anos, quando parecia que voltaria a perder tudo e me encontrava diante da encruzilhada de fugir e me esconder, enfrentar a possibilidade de ir para uma prisão ou me suicidar, aprendi que lutar contra as emoções resulta francamente inútil.

No meio da crise, angustiado pela indefinição, consegui resgatar o mais valioso que uma pessoa pode ter: a dignidade. Em vez de fugir e me guiar mais pelo medo do que pela infalível tríade da razão-espiritualmente-emocional, me sentei para escrever minhas:

PAIXÕES DE ONTEM E DE SEMPRE

Hoje, como tantas vezes, me acordei cedo; mas HOJE não pude (ou não quis) me levantar... nem física, nem moral, nem espiritualmente.

Teria gostado de encontrar fortaleza, consolo e segurança em minha leitura diária da Bíblia, na meditação da manhã, nas orações.

Teria gostado de pronunciar solenemente a declaração de SÓ POR HOJE e que tivesse surtido efeito a oração da SERENIDADE...mas não soube como.

Então, no afã de consolo, decidi escrever. Escrever para dizer a Deus que me sinto triste, que me sinto só, que tenho saudade do calor de um abraço e da ternura de um beijo. Escrever porque preciso saber que estou vivo, que sou...

Escrever porque a dor que pensava que tinha superado, voltou novamente, sem controle. Porque amo profundamente. Porque amar e crescer dói. Porque se desapegar e começar de novo é tão difícil como aferrar-se ao vazio, mas enfrentando-se ao desconhecido.

E então me pergunto: Por acaso alguém se lembra de mim às vezes? Alguém se interessa por mim? Preciso saber que sim. Preciso de uma âncora que me permita me agarrar ao mundo real...

Com certeza a resposta é sim!

Porque eu também me lembro deles. Ainda vivem em mim. Só que, com o passar dos anos e com a distância, muitos se transformaram em estranhos, ilusões difusas de vivências distorcidas.

Alguém se pergunta (como eu) sobre as possíveis diferenças nas lembranças que nos unem? Será verdade que tudo foi como eu senti? Ou talvez agora acho que foi assim?

A minha própria imagem será talvez parecida com a que alguém tem de mim? E a relação que eu guardo na memória por acaso produzirá um mal-estar em alguém?
Não importa porque decidi escrever para dar um significado a minha vida, através do que vocês têm me dado.

E talvez, se possível, transcender em vocês para não morrer... ainda Não!!!

Nesta carta, declarei minha independência do que não posso controlar, ratifiquei a convicção de conquistar minhas próprias atitudes e renunciei a sentir-me vencido pela desesperança.

A decisão raciocinada lutou arduamente com o impulso emocional mas nenhum dos dois venceu nem foi vencido. Ambos foram conquistados e recrutados por algo muito superior... Tomara que você também o encontre.



Valores dos idosos: ensinamento de toda uma vida

Por: José Antonio Hernandez Ugalde*

Queremos compartilhar o tesouro “Ensinamento do Papa sobre os Idosos”, já que s.s. João Paulo II teve especial preocupação pelo envelhecimento progressivo da população e fez alguns apelos em fóruns internacionais para ponderar a dignidade da pessoa humana, a dignidade dos idosos e a exortação a ter consciência de que todos devemos cooperar para a construção de uma sociedade mais humana, mais solidária, em uma civilização renovada que saberá conservar uma maior confraternidade de amor e comunhão, de esperança e de paz.

• Ter consciência das possibilidades

É preciso que vocês mesmos tenham consciência das possibilidades que têm a sua disposição e que considerem a entrada na terceira idade como um privilégio, não somente porque nem todos tiveram a sorte de atingir essa meta, mas porque essa idade é um período de novas responsabilidades concretas, de considerar melhor o passado, de conhecer e viver mais profundamente o mistério pascoal, de tornar-se um exemplo na Igreja para todo o Povo de Deus.

• Vida em crescimento

Segundo o projeto divino, cada ser humano é uma vida em crescimento, desde a primeira centelha da existência até o último suspiro. Ninguém tem o direito de dizer: Basta! Ninguém tem o direito a parar, nem a considerar-se um ser em decadência.

À união de Movimentos Interdiocesanos de Pessoas Idosas da Itália (23-3-1984)

• Aspectos positivos da velhice

Os aspectos benéficos da velhice existem também. Trata-se do tempo em que os homens e as mulheres podem recolher a experiência de toda sua vida, fazendo a separação entre o acessório e o essencial, atingindo um nível de grande sabedoria e de profunda serenidade. É a época em que dispõem de muito tempo e, inclusive, de todo seu tempo, para amar o entorno habitual ou ocasional com um desinteresse, uma paciência e uma alegria discreta, realidade da qual muitos idosos dão exemplos admiráveis. Constitui também, para os fiéis, a feliz possibilidade de meditar sobre os esplendores da fé e de rezar mais.

A fecundidade destes valores e sua sobrevivência estão unidas a duas condições inseparáveis. A primeira requer das mesmas pessoas idosas que aceitem profundamente sua idade e estimem seus possíveis recursos. A segunda condição diz respeito à sociedade de hoje que precisa ser capaz de reconhecer os valores morais, afetivos e religiosos que habitam no espírito e no coração dos idosos e precisa trabalhar a favor de sua inserção em nossa civilização que sofre uma defasagem inquietante entre seu nível técnico e seu nível ético.

à Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento da População, convocada pela ONU (26-7-1982).

• Frutos da velhice: experiência e sabedoria

O Papa se inclina com profundo respeito ante a ancianidade e convida a todos que o façam com ele. A velhice é a coroação dos degraus da vida. Nela são colhidos os frutos do que foi aprendido e experimentado, os frutos do realizado e conseguido, os frutos do que se sofreu e se suportou. Como na parte final de uma grande sinfonia, são recolhidos os grandes temas da vida em um poderoso acorde. E esta harmonia confere sabedoria; a sabedoria que o jovem rei Salomão pediu em oração (cf. 1 Re 3, 9,11) mais decisiva, para ele, do que o poder e a riqueza, mais importante do que a beleza e a saúde (cf. Sab 7,7-8,10); a sabedoria que lemos nas normas de vida do Antigo Testamento: «Quão bela é a sabedoria nas pessoas de idade avançada, e a inteligência com a prudência nas pessoas honradas! A experiência consumada é a coroa dos anciãos, o temor a Deus é a sua glória» (Eclo 25,7-8).

Esta coroa de sabedoria se encaixa de modo particular na atual geração de idosos, entre os quais vocês se encontram, queridos irmãos e irmãs: vocês tiveram que experimentar e presenciar, além de duas guerras mundiais, uma infinidade de sofrimentos; muitos perderam nelas propriedades, saúde, profissão, lar e pátria; chegaram a conhecer as profundezas do coração do homem, mas também sua capacidade para realizar ações heróicas e viver sua fidelidade à fé e sua força para começar de novo.

Discurso aos idosos, na Catedral de Munich (19-11-1980)

• A qualquer idade se pode crescer em humanidade

Como escrevi na Laborem Exercens, o trabalho é um bem do homem, é um bem de sua própria humanidade, porque também mediante o trabalho o homem “realiza a si mesmo como homem e, inclusive, em certo sentido, chega a ser mais pessoa” (n. 9). Na verdade, em qualquer etapa da vida se pode crescer em humanidade e ser mais humano.

À Federação Italiana de Aposentados do Comércio e do Turismo (29-4-1982)

• Visão cristã da velhice

Na Austrália, para os próximos trinta anos, espera-se que dobre o número de pessoas com mais de sessenta e cinco anos. A sociedade ressalta as implicações econômicas e políticas que comportará este incremento da população idosa. Porém, corresponde a nós, como cristãos, a tarefa de lembrar ao mundo a preciosa experiência e a sabedoria, o modo de ver as coisas e as energias espirituais dos idosos.

A 1.500 idosos na Austrália (30-11-1986)

• A velhice: idade rica em valores

Ressaltar os recursos próprios da velhice é sensibilizar os próprios idosos e destacar as riquezas inerentes à sociedade, riquezas que a mesma sociedade não sabe apreciar. A velhice é capaz de enriquecer o mundo através da oração e do conselho; sua presença enriquece o lar; sua imensa capacidade de evangelização pela palavra, pelo exemplo e por atividades eminentemente adaptadas aos talentos da velhice, constitui para a Igreja de Deus uma força que ainda não foi totalmente compreendida ou adequadamente utilizada. Se tratíssemos de descrever todos os fatores positivos da velhice, nos estenderíamos demasiado.

• Ao Fórum Internacional sobre a Terceira Idade (5-9-1980)

Em uma perspectiva evangélica, também a velhice é uma idade rica em valores, pelos amplos horizontes aos quais o espírito lança o olhar: trata-se dos horizontes da sabedoria na avaliação dos acontecimentos, da tolerância no relacionamento com os demais, da atenção mais viva à dimensão eterna dos acontecimentos humanos.

Discurso na Residência de São Estefano di Cadore (1993)

*Coordenador de Vida Ascendente México



O tempo é o caminho do céu

Por: Claudia Elizabeth Orozco Galindo

Viemos a este mundo com uma missão e passamos a vida tratando de cumprí-la. Nos “melhores anos de nossa vida” podemos nos esforçar fisicamente e resistir a muitas adversidades, temos a vitalidade para poder superar o que for. Porém, quem diz que esses são os melhores anos da vida?

Sinceramente, acho que os melhores momentos de nossa vida radicam em quanto estamos próximos a Jesus. Em nossa vida nos aproximamos a Ele em diversas circunstâncias, normalmente é no caminho da Cruz, porque nos momentos felizes não necessitamos convidá-lo, aí esta! (Embora, sempre é bom ser humildes, agradecer-Lhe e convidá-lo a desfrutar nossos bons momentos).

Li um livro de Víctor García Hoz que me abriu o panorama no sentido de ver como Deus se aproxima de nós em diferentes etapas de nossa vida. García Hoz me fez entender porque, na denominada “terceira idade”, os sentidos, as forças, a vitalidade e as energias do corpo humano declinam radicalmente. Em nossa juventude, estamos mais atentos a tudo o que acontece, nossos sentidos estão à flor da pele e nos distraímos com tudo. Na terceira idade, os sentidos e o corpo declinam fortemente por uma única razão: deixar de nos distrair para focalizar o que realmente importa: Jesus.

Assim, na terceira idade, a vida profissional e as atividades pessoais mudam e diminuem de intensidade. Esse tempo que desejamos na juventude se torna duas vezes mais longo na terceira idade. Não existe uma forma mais maravilhosa de ocupar o tempo que Deus nos concede do que rezar, conversar com Deus e aproximar-nos da Igreja!

Que alegria estar nesta etapa da vida! Deus nos enche de dons e de amor, com uma família ampla, amigos, tempo para rezar... a vida mesma. Sempre devemos ter esperança em Jesus, deste modo teremos paciência e resignação bem entendidas, assim seremos felizes (1).

Por último, gostaria de compartilhar com vocês esta frase que comoveu minha alma até às lágrimas, não sem antes recomendar-lhes amplamente o livro Alegría en la Tercera Edad (Alegria na Terceira Idade), de Víctor García Hoz.

Pense que EU governo o mundo e que só EU sou absolutamente sábio, forte e amigo. EU sei o que lhe convém, se posso fazer o que lhe convém, o que pode acontecer que não te convenha? Tudo será para seu bem (2).

Que Deus os abençoe!

(1) Cfr. García Hoz, Víctor; Alegría en la Tercera Edad; Libros MC; p. 82
(2) Ibidem; p. 103




A Alegria

Por: Padre Nicolás Schwizer

O ser humano não pode existir, ao longo de sua vida, sem alegria. “Quem não cultiva a alegria, põe a perder seu caráter até a medula”, diz o Padre Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt.

Um ser humano sem alegria é um ser enfermo. São Francisco de Sales dizia que “um santo que é triste, é um triste santo”. E os monges do século IV diziam: “Quem é triste está possuído pelo diabo”. E por isso os monges tristes foram castigados fortemente. Também o Padre Kentenich disse: “Quem não dá alegria aos homens, os empurra para os braços do diabo”.

Antes de canonizar a alguém, se examina seu grau de heroísmo na alegria: teve uma natureza alegre? Foi um santo alegre?

Se quisermos ser verdadeiros mestres da alegria, temos que resolver duas tarefas:

Primeira tarefa. Devemos receber tudo de bom que Deus nos dá conscientemente como um dom: Fora com as coisas evidentes! Nada é evidente nesse mundo. Ou acaso é evidente que tenhamos suficiente pão para comer? É evidente que tenhamos uma casa própria, uma família bem constituída? É evidente que sejamos cristãos, que a Sma Virgem nos tenha chamado a essa comunidade, paróquia... aonde nos sentimos tão bem? E assim temos que pensar em todos os bens que Deus nos concede, cada dia novamente.

É certo que o dia está entre duas noites. E o melancólico, enquanto desfruta das alegrias do dia, está recordando as penas de ontem e já está sofrendo pelas de amanhã. Porque poderíamos pensar também ao revés, que a noite está entre dois dias. A meta deve ser sempre que cheguemos a ser mestres da alegria.

Segunda Tarefa. Devemos conceber os dons de Deus como um chamado de amor e dar-Lhe nossa resposta de amor: Aconselha o Padre Kentenich que o façamos igual às galinhas. Que faz a galinha quando come ou bebe?

Abaixa a cabeça, levanta a cabeça, abaixa a cabeça. O mesmo nós temos que fazer: elaborar cada coisa mirando para o alto, levantando nosso coração para Deus.

Modelos. Estou seguro que todos nós quiséramos conquistar essa atitude de alegria permanente. Nisso podem ajudar os modelos.

O grande mestre da alegria é Jesus Cristo. Em suas despedidas diz a seus apóstolos: “Eu lhes he dito todas essas coisas para que participem em minha alegria e sejam plenamente felizes”.

A outra mestra da alegria nos Evangelhos é a Virgem Maria. No Magnificat encontramos uma manifestação de seu gozo e júbilo interior: “Aclama minha alma a grandeza do Senhor e se alegra meu espírito em Deus meu Salvador”. Mostra-nos como deve ser nossa alegria: nascida do interior. Alegria e admiração pelo que tem feito Deus em nós e através de nós.

Outro mestre da autêntica alegria foi o Padre Kentenich. Sabemos que sua vida foi uma contínua alegria, porque estava intimamente unido a sua fonte que é Deus. Teve muito desses traços que ajudam a cultivar a alegria. Era capaz de admirar-se, ter respeito e carinho frente às coisas e especialmente frente às pessoas. Sabia gozar com a originalidade de cada pessoa. Era capaz de fazer-se criança com as crianças, tonto com os tontos, sábio com os sábios. Gozava com o mais mínimo detalhe, com as pequenas coisas da vida diária: sabia descobrir o lado bom, positivo, gracioso das coisas. Sabia também rir a gargalhadas. Em uma palavra: foi uma das pessoas que soube encontrar o sabor verdadeiro da vida.

Perguntas para a reflexão

1. Transmito alegria aos demais?
2. Costumo rir freqüentemente?
3. Conheço versículos aonde se destaca a alegria de Jesus?



A Sexualidade no Idoso

Por: Susana S. Polanco

Não devemos perder de vista que todos os seres humanos somos sexuados, desde que nascemos até a morte.

Com certeza, a idade e as doenças próprias da fase adulta podem dificultar uma sexualidade talvez tão ativa como em etapas anteriores da vida, mas isto não significa que na terceira idade a sexualidade somente seja uma lembrança do passado, ao contrário, as relações sexuais nesta idade podem ser uma parte essencial da vida e ainda mais se foram pessoas sexualmente ativas durante a juventude.

A sexualidade não somente se expressa nas relações sexuais como tal, ainda pode se expressar na aproximação, no contato, no afeto e na intimidade, assim como também nas relações sexuais.

É inegável que o sexo é diferente do que foi antes porque existem mudanças reais, desde o ponto de vista fisiológico, pois tanto homens como mulheres da terceira idade tendem a sentir menos tensão sexual, têm menos relações sexuais e experimentam menos intensidade física.

O desejo sexual continua presente, mas em um grau menor. Os homens precisam de um tempo mais longo para conseguir uma ereção e ejacular, eles têm níveis mais baixos de testosterona. Nas mulheres, os sinais de excitação sexual são menos intensos do que antes, mas ambos podem atingir o orgasmo.

Neste ponto, o importante que devemos ressaltar é a capacidade que se deve ter nesta idade de aceitar a própria sexualidade, de aceitar que as coisas neste aspecto mudaram e que a vida está formada por ciclos que se abrem e se fecham continuamente. É fundamental contar com a capacidade de se adaptar com normalidade a cada etapa da vida, sem detestar ou rejeitar o momento atual que estivermos passando.



Revalorização da ancianidade

Por: Enrique Aguayo

Não há motivo algum para menosprezar o idoso. Pelo contrário, é preciso encontrar o positivo: a ancianidade é a etapa mais alta da existência, porque a pessoa adquire a sabedoria da vida, das atividades profissionais que desempenhou, do conhecimento que obteve dos outros; a ancianidade é uma época de maturidade na qual as atividades são feitas depois de uma reflexão (em oposição ao jovem que sempre tem pressa para demonstrar suas capacidades, sendo às vezes pouco reflexivo, o que pode levá-lo ao fracasso), etc. De maneira que a convivência com o idoso não se reduz a cuidá-lo – o que com certeza ele precisa – mas, sobretudo, beneficiar-se com sua sabedoria, isto é, aprender a resolver problemas cotidianos, fazer trabalhos como ele os fez, saber distinguir a bondade da maldade, etc.

Do que foi dito antes, deriva a função social do idoso: pôr ao serviço das demais pessoas seus conhecimentos e experiências, ou seja, educar porque é sábio. Por exemplo, o carpinteiro, o encanador, que já não podem manejar as ferramentas, ensina o ofício aos jovens.

A ancianidade é uma etapa de alegria: o idoso está aposentado das atividades remuneradas economicamente, por isso já não está submetido ao horário de um trabalho determinado, mas é dono de seu tempo e somente ele controla sua existência. Por estar aposentado, o idoso tem a possibilidade de realizar o que mais lhe agrada: o carpinteiro se dedica a conviver com seus netos, o mecânico se consagra a ler poemas, romances, etc.

Para não temer a velhice, é preciso educar as crianças. Devem aprender a exercer alguma atividade e/ou profissão para obter seus recursos econômicos; têm que saber poupar para não depender de ninguém na velhice; ter boa saúde, isto é, cuidar seu corpo através de uma vida ordenada, higiênica tanto no aspecto físico como no mental; é preciso combater o vício (alcoolismo, drogas, prostituição, etc.) que prejudica, severa e irremediavelmente o corpo.

Enfim, a ancianidade é uma etapa da vida cheia de conhecimentos e experiências que podem beneficiar os jovens que saibam aproveitá-los, convivendo harmoniosamente com o idoso (1).

(1) Aguayo, Enrique, El Pensamiento Filosófico de Emma Godoy, Hoja Casa Editorial, México, 2000, pp. 265-294.



Avós, diversão ou formação?

Por: Mónica Bulnes de Lara

www.preguntaleamonica.com
monica@família.org.mx

Um dos grandes valores na formação dos filhos é o respeito pelas gerações anteriores à sua.

Os filhos devem conhecer desde pequenos a importância de escutar os avós, não só por serem pessoas mais idosas, como também pelo grande valor da experiência que uma pessoa com tantos anos vividos possa ter.

Nesta época, em que impressiona a habilidade que até mesmo as crianças têm para conhecer todo tipo de aparelho eletrônico, parece que os pais e avós estamos anos luz atrasados no que são os interesses infantis. No entanto, o que realmente os fará serem donos de si mesmos e se desenvolverem melhor como pessoas, será aprender a se relacionar melhor com a vida diária; para isso, não existe aparelho que proporcione esta habilidade.

Somente a orientação de pessoas que já passaram pela mesma idade, que já percorreram o caminho que a criança apenas está iniciando, vai trazer a sabedoria necessária para que ela se torne uma pessoa íntegra e feliz.

Existem muitas maneiras de ajudar nossos filhos a aproveitar a convivência com os avós. Por exemplo, uma atividade famíliar que pode ser muito divertida e instrutiva para toda a família é conhecer a história completa dos pais. Existem livros especiais, vendidos em qualquer livraria, que trazem perguntas e espaços suficientes para que os avós respondam, descrevendo suas experiências e histórias.

Com certeza, não é preciso adquirir nenhum livro. Qualquer caderno cumpre as mesmas funções e, uma vez terminado, podem ser organizadas reuniões para conhecer a história dos avós, criando lembranças que durarão toda uma vida. Além disso, esta atividade terá um valor agregado: a família conhecerá suas origens, sendo esta uma fonte de conhecimento para entender quem somos e porque reagimos de determinada maneira.

Os avós podem educar de muitas maneiras!

Ser avô é uma fase da vida que deve estar cheia de satisfações e diversão, especialmente quando não são os principais responsáveis pela educação das crianças.

Hoje em dia, existem cada vez mais casamentos nos quais ambos trabalham. Desta maneira, os avós voltam a ser os principais formadores de crianças, uma vez mais. Esta é uma tarefa importantíssima, no entanto, muito pesada, já que os avós não contam com a mesma energia dos tempos passados e, muitas vezes, a mesma autoridade.

Então, de acordo com o papel desempenhado na vida de seus netos, suas atividades e responsabilidades serão distintas. Se vêem os netos periodicamente, exclusivamente como visitas, o papel é claro: somos avós e, como tais, podemos dar caramelos e deixá-los dormir mais tempo do que o necessário. Mimá-los, em toda a extensão da palavra.

Porém se, diariamente, sua função é de criá-los enquanto seus filhos estão trabalhando, então os privilégios mudam. Os avós se tornam “pais secundários”, por este motivo a formação dos netos adquire um lugar prioritário em suas vidas e a disciplina e autoridade devem ser aplicadas, sendo mais esporádicos os “momentos divertidos”.

As complicações que esta responsabilidade traz consigo são muitas: o dilema de querer mimar o neto versus a necessidade de educá-lo adequadamente, o possível desacordo que possa existir entre a linha aplicada pelos pais do neto na educação do mesmo, o reconhecimento de que nossos projetos pessoais passam para um segundo plano.

Devemos lembrar que primeiro estão as crianças e não nosso gosto por fazer o que queremos. Conhecendo o papel que jogamos na vida de nossos netos, saberemos a função que temos que desempenhar. Se assumirmos a responsabilidade de ser formadores, o preço a pagar é o de ser avô de tempo integral.

Desta maneira, funcionar como avós ou como formadores deve ser uma decisão que somente nossos pais devem tomar. Nós, como seus filhos, devemos respeitar e aceitar seus limites e disposições com agradecimento, já que temos de reconhecer que eles já cumpriram com sua função de pais e, se aceitarem cuidar das crianças enquanto estamos trabalhando, estarão fazendo muito mais do que cumprir suas responsabilidades ou obrigações, pela simples generosidade de seu coração.




Amigos Maduros

Por: Zuleides Andrade, ascj

Você Já provaste olhar amorosamente a árvore de tua família, a seiva que lhe dá vitalidade, as flores e frutos que ele produz e imaginar as raízes que lhe dão sustento?Em sua memória, em cartas e postais guardadas, em álbuns de fotos ou, quem sabe, ainda bem próximo de ti, há quatro pessoas que acumulam sabedoria e ternura, carinho e entendimento e têm muitas histórias para contar.

São os avôs, pessoas que, revivendo o passado com gratidão e abraçando o presente com serenidade, ajudam a vislumbrar o futuro para seus filhos e netos.

Essas pessoas queridas, depois de percorrer tantos caminhos e já recolhendo os frutos de seu trabalho e amor.

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.

de repente, deparam-se com nova onda de vitalidade, à medida que, retoños de uma nova geração, os netos, voltam a acender nos avôs, o gosto pela vida e a recordação do tempo da infância.

Ainda com algumas carências próprias da idade, os avôs têm lugar especial na vida dos netos, pois são amigos maduros, livres e criativos, afetuosos e compreensivos.

Prova pedir-lhes que contem histórias do tempo em que tiveram que criar e educar seus filhos.

Conversa com eles e descobrirás tantos detalhes curiosos que irão enriquecer tua história.

Faz anotações, gravações, fotos.

Chegará o tempo em que, depois de percorrer o mundo, as rodas de amizades, voltarás o atendimento para a história de tua família, que é tua história.

Qual uma colcha de retalhos, a vida se foi arrumando pouco a pouco.

Entre prantos e abraços, a vida foi criando seus laços, legando experiência, valores e uma cultura tão própria da família.

Conheces as canções de arrorró que acalentassem e encantaram a teus pais? Que tal pedir a teus avôs que as cantem para ti?Se teu desejo fosse agora mal uma recordação, uma oração, que Deus acolha teu recado e tua nostalgia.

Felicitações a nossos amigos maduros, cheios de atendimento e entendimento - nossos avôs - cujo dia se celebra o 26 de julho, recordando San Joaquín e Santa Ana, pais de María, Mãe de Jesús!© Ir.

Zuleides Andrade, ASCJ

Curitiba, 22 / 06 / 2005

Tradução: Rosi Piat-Resistência

- Chaco- ArgentinaCuritiba, 22 de junho de 2005.



O processo da morte como aprendizagem

Por: Susana S. Polanco

Existe uma pergunta que ressoa profundamente em minha alma que é: Por que precisamos de doses tão altas de dor para chegar a aprender? Esta pergunta pode muito bem ser aplicada a pessoas que, de repente, se enfrentam com um processo de morte iminente e com a respectiva dor que tudo isso comporta.

Na procura incessante de encontrar respostas que saciassem a pergunta inicial, refleti sobre o verdadeiro sentido da vida, da morte e do sofrimento humano. Acho que radica em que aprendamos lições de vida que nos aperfeiçoem e nos tornem pessoas melhores. Finalmente, o caminho da vida é um acúmulo de perdas constantes que vão desde aquelas quase imperceptíveis até as mais dolorosas; parece até que a vida nos grita que aprendamos algo e se empenha em fazer-nos entender que nossa existência é dinâmica, está sujeita a múltiplas mudanças representando ciclos que começam e terminam de maneira constante, desde que nascemos até a morte, e que comportam perdas que se transformam em provas, algumas delas muito difíceis, mas que devemos superar. Por este motivo, o processo de estar entre a vida e a morte deve ser visto como uma lição mais a ser aprendida.

Mas, por que esperar o final de nossa existência para aprender as lições que podemos assimilar agora? (1). Certamente, existem pessoas que esperam o final de seus dias para adquirir a consciência que nunca conseguiram ao longo de toda sua existência; de fato, muitas vezes a vida – em sua grande sabedoria – se encarrega de nos colocar em situações de maior sofrimento, com a finalidade de nos proporcionar lições realmente relevantes e enriquecedoras para a própria pessoa e para os que estão ao seu lado. Talvez, alguém possa achar que a vida, ou o destino, é cruel e impiedosa, mas – falando em termos objetivos – pode-se obter um bem maior. Afinal de contas, todos viemos a esta Terra para aprender alguma coisa, do contrário, esta vida não teria razão de ser e seria um absurdo estar como hóspedes neste mundo, não é mesmo?

A dor que comporta o processo de morte sacode as fibras mais sensíveis da alma e do corpo. A dor do corpo é inevitável, mas não podemos permitir que a dor interna, da alma, resulte estéril ou, pior ainda, dirigir esta experiência à nossa própria destruição. Ao contrário, devemos conduzir e orientar nossa dor à maturidade de todos os âmbitos de nossa vida que podem ser aperfeiçoados e precisam ser polidos, devemos crescer entre obstáculos, crescer dói, mas devemos cumprir a missão à qual todos estamos chamados: aprender das coisas boas e más da vida.

Existe alguma coisa que cada um deve aprender, antes de poder voltar ao lugar de onde veio: o amor incondicional. Quando isto for aprendido e praticado, o mais importante dos exames terá sido aprovado (2), é que quando se vive com o Amor ao centro de nossa existência e aprendemos a amar a nós mesmos e aos demais, entendemos então que valeu a pena ter vivido e que podemos ir em paz. Viver bem quer dizer aprender a amar (3). Quando vivemos um processo de morte, que geralmente é desgastante em todos os sentidos, então é uma oportunidade para amar a vida, agradecer o que ela nos proporcionou e assim aceitar com maior facilidade a morte como a conclusão de um ciclo eminentemente natural, além de aprender que como vivemos a vida, vivemos a morte. Ambas são uma mesma coisa (4).

O processo de morte deve ser frutífero, aproveitando-o como um meio para nos encontrar, descobrindo quem somos na realidade, pois a negação da morte faz com que a sintamos distante e nos mantém longe de nós mesmos e que percamos o tempo em coisas intranscendentes, que deixam de lado o que é relevante, como o auto-conhecimento, também é certo que esta experiência nos torna tolerantes à frustração, isto é, nos faz ver a vida desde uma perspectiva mais realista com seus sabores e dissabores, sem considerar uma vida perfeita ou como um paraíso terrestre. Adoecer implica aprender a lição da paciência, entendendo assim que nem sempre conseguimos o que queremos e, às vezes, isto não coincide com o que teríamos imaginado (5).

Também nos faz ver com maior claridade como estão nossas relações interpessoais, nos faz refletir sobre a importância de pagar nossas dávidas com aqueles que fizemos alguma coisa negativa, aprendendo assim a lição de perdoar e ser perdoados. Faz também que agradeçamos à generosidade de outros, do amor e da atenção que nos podem dar aqueles que estão mais próximos de nós e que nos demonstram que somos importantes em suas vidas, trocando em miúdos, nos faz valorizar as pessoas que estão a nosso lado e vice-versa, agradecendo ao destino ter-nos permitido conhecê-los, fazendo que estes pequenos momentos, na verdade grandes, tornem a existência dos doentes muito mais suportável e leve.

Definitivamente, o processo que nos conduz à morte nos engrandece porque nos faz mais humanos quando aprendemos a nos desapegar, não somente de nós mesmos, como também da revolta diante de nossa iminente morte e chegar a uma aceitação por convicção, com maturidade, de que nosso ciclo terminou, assumindo com fortaleza as implicações tão dolorosas que isto comporta. Devemos estar conscientes de que estamos aqui para reconhecer nossa bondade, nosso valor e o milagre da existência, do princípio até o final. Devemos entender que a vida é uma escola, com provas individuais e desafios a serem superados (6).

A lição de aprender a ser feliz, mesmo em uma situação de infelicidade, com certeza será a lição mais complicada de aprender, pois, como ser feliz apesar da dor física e espiritual? Talvez, a dificuldade esteja em achar que a felicidade é igual à vida, e não é necessariamente assim, porque a felicidade não depende do que acontece, mas de como vivemos e como interpretamos nosso exterior (7), devemos resgatar o positivo de cada uma das situações que vivemos, em relação com os demais, sem comparar nossas circunstâncias menos afortunadas com as situações dos outros. Contudo, à margem disto, também é certo que devemos ser realistas e considerar o fato de que para atingir este nível, é preciso força espiritual e recursos internos pessoais fora da norma da maioria dos afetados e, embora nunca se consiga porque a prática é mais difícil do que a teoria, é a meta que devemos aspirar. Afinal, a parte humana e fraca de nossa natureza chega a pesar mais do que a espiritual talvez porque não a alimentamos como devíamos, mas, é certo que nem todos gozamos destas ferramentas e é preciso não cair em tanta exigência, mas, isto sim, ter em conta como um modelo que deve ser desejado por todos.

Para concluir, poderia dizer que as lições que devemos aprender durante o processo de morte são muitas e dependerá de cada caso concreto e do livre-arbítrio porque, afinal de contas, a aprendizagem resulta ser subjetiva: existe quem decide crescer diante de uma situação inevitável, assim como quem caminha para sua própria destruição. É importante ver a outra cara da moeda e não só enfatizar os aspectos negativos do sofrimento enfrentado por um ser humano, que envolve a própria deterioração física, psicológica, social e espiritual; também não pretendo minimizá-lo, mas sim tratar – na medida do possível – de encontrar um significado para as perdas enfrentadas pelo enfermo orgânico, além de apreciar a vida desde outro ponto de vista, para assim considerar a morte de maneira diferente, com uma visão mais esperançosa que nos possa aproximar à nossa própria grandeza humana, sem temor e sem angústia.

Infelizmente, o ser humano não cresce se não abandonar a comodidade e a ilusão de que tudo é lindo, cresce através de experiências amargas. Isto é duro de aceitar, mas não há nada mais certo. Ao longo deste doloroso processo, tanto para o doente como para a família, considero importante ressaltar que todos, de uma maneira ou de outra, aprendemos ao vivenciar, em carne própria, o sofrimento individual; mas este aprendizado não termina neste ponto porque contribuímos para que transcenda a outros, o que torna este processo – apesar de doloroso – muito enriquecedor.

Bibliografia

• Kübler – Ross, Elisabeth, “La muerte: un amanecer”, Barcelona: Ediciones Luciérnaga, 1987, p.p. 119

• Kübler – Ross Elisabeth, Kessler David, “Lecciones de vida”, Barcelona: Vergara Grupo Zeta, 2004, p.p. 245

• Buckman, Robert, “¿Qué decir?, ¿Cómo decirlo?, dialogando con el paciente terminal”, Bogotá: Ed. Colección SELARE, 1995, p.p. 252

(1) Kübler – Ross, Elisabeth, Lecciones de vida, pag. 21
(2) Cf. Kübler – Ross, Elisabeth, La muerte: un amanecer, pag 38
(3) Cf. Kübler – Ross, Elisabeth, Op.cit., pag 46
(4) Cf. idem.
(5) Cf. Kübler – Ross, Elisabeth, Lecciones de vida, pag 190
(6) Cf. Kübler – Ross, Elisabeth, Op.cit., pag 241
(7) Cf. Kübler – Ross, Elisabeth, Op.cit., pag 228




Eutanásia e Bioética

Por: Paz Fernández Cueto*

pazcueto@avantel.net

O jornal canadense The Globe and Mail publica, hoje, em sua edição de Ottawa, a concluaão da primeira fase de um magno projeto científico: o primeiro catálogo indicando as diferenças genéticas mais comuns, existentes entre os quatro grupos étnicos que habitam o planeta.

O chamado Mapa Haplótipo, revelado ontem em Utah, marca um passo histórico para uma nova era de tratamentos desenhados à medida genética do paciente.

Em contraste, a proposta de legalizar a Eutanásia e o suicídio assistido continua a ser discutida no Parlamento de Ottawa (Bill C – 407), da mesma forma que em outros países (inclusive o México), ao som de iniciativas que parece que foram orquestradas por um mesmo autor. Isto obriga a pensar em estratégias populacionais vinculadas a raciocínios de caráter econômico.

O grande aumento da população de mais de 60 anos, em contraste com a diminuição drástica de nascimentos, torna-se um peso econômico desproporcionado, pesando sobre um setor minoritário economicamente produtivo, fenômeno demográfico conhecido como inversão da pirâmide populacional. Assim, enquanto a ciência avança a passos de gigante para a preservação da vida, pelo descobrimento do mapa genético, por outro lado, são feitos esforços extraordinários para destruí-la, segundo ela resulte mais ou menos incômoda, mais ou menos produtiva, mais ou menos conveniente a interesses particulares. Diante deste quadro, nos perguntamos com grande expectativa: Existe alguma razão para limitar nossa capacidade de intervir na vida, manipulando-a em seu início ou fixando seus limites? Por que não praticar a Eutanásia, quando se considera que a qualidade de vida do paciente não alcança um mínimo indispensável de bem-estar, ou que o peso econômico se torna insuportável? Até que ponto fazer esforços razoáveis para preservá-la? Por que não procurar diretamente a morte do ser querido angustiado pelo sofrimento?

Não é possível deixar ao critério dos bons sentimentos das pessoas decisões tão importantes como até que ponto agir e de que maneira. Neste ponto, entra a bioética, um saber interdisciplinar e complexo que une diversas ciências para atender, desde uma perspectiva moral, os desafios da vida humana e das novas tecnologias a ela aplicadas. Procurar ver de onde brota a perspectiva moral é o ponto de partida desta ciência interdisciplinar, fundamento válido para todos os homens, independentemente de suas crenças, religiões, estruturas ideológicas ou políticas.

A moral não é o resultado de um determinado ambiente sociohistórico, nem a síntese de uma particular disciplina científica como seria a ética. Sua origem não é religiosa, embora todas as religiões se fundamentam em princípios de moralidade. A moral nasce no momento em que o homem contempla a si mesmo como sujeito livre que deverá responder por seus próprios atos, o que não acontece com os animais, razão pela qual não podemos responsabilizá-los. Até onde sei, não existem cadeias para baleias assassinas, nem cárceres para felinos depredadores. As espécies animais são guiadas pelo instinto imperativo do momento, encaminhado à satisfação de suas necessidades vitais, à margem de toda responsabilidade moral. A liberdade do homem, por contraste, lhe possibilita viver em autonomia, ser dono de suas próprias ações, surgindo assim a vida moral como uma realidade primária e anterior a qualquer discurso. O sentido moral da vida humana não pode ser ignorado pelo cílculo de benefícios científicos ou tecnológicos que possam ser descobertos.

Não falta quem pense que a vida é um fenômeno neutro e que a moralidade depende das convicções religiosas de cada um. O cristão, ao saber-se imagem e semelhança de Deus, descobre nisso uma alta dignidade, o que não significa que a pessoa que não tenha uma convicção religiosa, ao faltar-lhe este dado fundamental, despreze sua vida. A isto, responde o filósofo Rodrigo Guerra (Bioética: um compromisso existencial e científico; Múrcia 2005, p.p. 71-121), dizendo que todo ser humano, crente ou Não, tem uma intuição fundamental sobre a dignidade humana, ou seja, sobre o valor particular que cada um possui. A dignidade constitui uma sublime modalidade do que é bom, valioso, positivo…, daquilo que está dotado de uma categoria superior. O homem tem esta dignidade ao se reconhecer como alguém, não simplesmente por ser algo; dignidade que possui ao ser pessoa, isto é, um sujeito racional, pensador e livre, consciente e responsável pelos próprios atos, realidade tangível, não um mero fenômeno virtual. O reconhecimento de seu ser e de sua dignidade, independentemente da crença religiosa ou tendência ideológica, descobre o homem como um tudo, como um universo completo, como um fim em si, como alguém que merece respeito, protagonista de uma história única, singular, que não pode ser repetida, insubstituível, alguém que não deu vida a si mesmo, mas que a recebeu como um dom.

Torna-se inevitável se referir à dignidade quando são tratadas questões fundamentais de bioética. Por que é moralmente questionível fazer tudo o que a ciência e a tecnologia permitem? O que define o bom e o conveniente para o homem e qual seria o critério para reprovar certas ações? A dignidade atribui o valor absoluto do ser humano. Ninguém aceitaria que a conduta de um seqüestrador que tortura e mutila sua vítima fosse justificada porque assim convém a seus interesses ou preferências pessoais. A indignação que provoca esta conduta é objetiva e inegável. E quando a autoridade captura o delinqüente, igualmente a dignidade deste sujeito – por detestável que nos possa parecer – impõe um limite absoluto que as instâncias de poder devem respeitar, ao castigá-lo.

O reconhecimento da dignidade humana, como algo evidente, não é outra coisa que o fundamento dos Direitos Humanos Universais; a dignidade da “pessoa”, como seu nome o indica – tradução latina de “valor” em grego – se refere a uma realidade estimada ou valorizada ao máximo, realidade que possui várias dimensões pelo corpo, a linguagem, os estados afetivos, os sentimentos, realidade única que não pode ser menosprezada quando, pela idade ou doença, suas funções sejam diminuídas. Lembro-me ter ouvido uma entrevista com madre Teresa de Calcutá, na qual comentava que ela se dedicava a ajudar a morrer com dignidade, a procurar a boa morte do enfermo sem esperança, do abandonado, do desvalido. Milhares de moribundos morreram com dignidade, acolhidos com amor entre seus braços. Todos eles, ao morrer, se descobriram como um alguém eminentemente valioso; ao morrer, se sentiram reconhecidos em sua dignidade, respeitados e amados. Aqueles cuja vida se encontra diminuída ou debilitada têm direito a um respeito especial, devem ser atendidos para que levem uma vida tão normal quanto for possível (CIC 2276).

Ao reconhecer, com a bioética, que a vida humana encerra um valor absoluto, não negociável, a aceitação de leis como a Eutanásia direta, por qualquer motivo e por qualquer meio, dirigida a eliminar a vida de pessoas diminuídas, doentes ou moribundas, é moralmente inaceitável (CIC 2277). Conduziria a uma grave deterioração social; longe de avançar, seria um retrocesso.

*Escritora e presidente de ENLACE.



Os enfermos, prediletos do Senhor

Por: Padre Nicolás Schwizer

Ao falar sobre o sacramento dos enfermos constatamos uma realidade: Nós, católicos pouco nos preocupamos religiosamente de nossos enfermos. Se nos preocupamos materialmente: chamamos o médico, os levamos ao hospital, etc. Mas ao sacerdote, não o chamamos. Pelo menos enquanto o enfermo não estiver para morrer. Porque poderia morrer de susto quando visse entrar o sacerdote.

Muitos pensamos que ao sacerdote se chama somente para despedir oficialmente aos moribundos. E, por isso, esperamos o último momento, quando o enfermo já está inconsciente. E já não vê que vão rezar por ele.

Assim, à necessidade de ajuda religiosa ao enfermo consciente, passamos por alto. É aí aonde nos superam os irmãos separados, que atendem muito melhor a seus enfermos.

Penso que em parte fazemos isso por ignorância. Porque não sabemos que a “unção dos enfermos" é como seu nome indica – para os enfermos. Para todos os acometidos de alguma enfermidade grave ou muito prolongada, mas sem necessidade que estejam em perigo de morte ou próximos a agonizar.

O sentido deste sacramento é pedir a força de Deus – seu espírito de fortaleza – tanto para a alma como para o corpo do enfermo.

No rito deste sacramento, a Igreja expressa sua fé em que Deus vence não somente o pecado, senão também suas conseqüências exteriores e físicas. Por isso, é o grande sacramento da esperança. Nos exige crer que Cristo possui o poder de alterar o curso de uma enfermidade e de fazer milagres.

Não obstante o falado, a finalidade principal do sacramento – e o que sempre se produz – é a finalidade espiritual: o perdão dos pecados, o consolo e fortalecimento interior do enfermo.

Este sacramento o ajuda a descobrir o sentido profundo e purificador de sua enfermidade:

• a unir suas dores a paixão redentora de Jesus;
• a crescer na confiança e esperança cristãs.

A saúde física é uma finalidade secundária que também se pede, mas, apelando para a livre bondade de Deus.

Ele pode concedê-lo. E temos que crer nisso. Mas não se deve entender o sacramento como um rito mágico que obrigue a Deus ao milagre.

Maria, com seu sentimento para o amor pessoal, nos ajuda a descobrir o valor único que cada ser humano tem para Deus – e também cada enfermo – apenas pelo fato de ser pessoa e filho seu.

Em nossa sociedade moderna, os enfermos são considerados, muitas vezes, como um estorvo. Porque incomodam, roubam tempo e dinheiro, não produzem nada. Até entre os próprios cristãos se sente algo dessa atitude utilitarista: São poucos os que querem dedicar-se ao apostolado dos enfermos.

Por último, a Sma. Virgem nos mostra, a luz da fé, a força salvadora que possui a dor: como força purificadora, como poder de súplica e redenção. Porque com súplicas e dor – que Ela compartiu generosamente – seu Filho salvou ao mundo inteiro.

Os enfermos, precisamente porque sofrem – e também porque tem muito tempo para rezar – longe de ser um estorvo, deveriam ser considerados como o tesouro da Igreja e de cada família cristã, como os irmãos prediletos do Senhor.

Maria sabe que uma Igreja que não se dedique com amor a seus enfermos, não pode ser a Igreja de Deus, daquele Deus que vinha anunciar a Boa Nova aos pobres e a libertar os oprimidos. Porque Jesus contou sempre com os enfermos e os que sofrem entre seus prediletos.

Que a Mater, desde seu Santuário, nos dê a graça de saber valorizar e amar a nossos enfermos, assim como seu Filho Jesus Cristo o fez.

Perguntas para reflexão

1. Tenho fé em uma cura milagrosa?
2. Qual é minha atitude ante os enfermos?
3. Conheço em que consiste o apostolado dos enfermos?



A Velhice

Por: Madre Teresa de Calcutá

Sempre tenha presente que a pele se enruga.

O cabelo se torna branco,

os dias se transformam em anos…

mas o importante não muda,

sua força e convicção não têm idade,

seu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha.


Atrás de cada dia de chegada, há uma partida.


Atrás de cada vitória, há outro desafio.


Enquanto estiver viva, sinta-se viva.


Se tiver saudade do que fazia, volte a fazê-lo.


Não viva de fotografias amarelas…


Continue, mesmo se todos estiverem esperando que você abandone.


Não deixe que enferruje o ferro que há em você.


Faça com que, ao invés de pena, lhe tenham respeito.


Quando, pelos anos, não puder correr, trote.


Quando não puder trotar, caminhe.


Quando não puder caminhar, use a bengala…


Mas nunca se detenha!



Nossa disposição para receber os dons do Espírito Santo

Por: Padre Nicolás Schwizer

O que podemos e devemos fazer para que o Espírito de Deus venha a nós e nos satisfaça com seus dons? ¿Quais dever ser nossas atividades e disposições interiores para atrair e receber ao Espírito Santo?

1. Uma primeira disposição: Deveríamos despertar ainda mais em nossos corações o desejo pelo Espírito Santo e seus dons. É o mesmo desejo que tinham os apóstolos e a Santíssima Virgem quando estavam reunidos no cenáculo esperando o Espírito Santo prometido. É a súplica: Vem, Espírito Santo! Esperamos-te com ânsias, porque somos tão débeis, porque necessitamos teu poder transformador. Deveríamos despertar profundos afetos de ânsias para que Ele tome em suas mãos nossa educação, nossa transformação em autênticos filhos de Deus, em homens simples com alma de criança. Por isso, temos que chegar a ser homens e mulheres que anelam pelo Espírito de Deus.

2. Una 2ª disposição: Devemos esforçar-nos mais para estar em silêncio, para estar só e tranqüilos interiormente. Trata-se de um isolamento e uma solidão repleta de Deus. As forças da alma devem estar concentradas não em nós, mas em Deus. Somente assim poderemos escutar o que o Espírito Santo nos sopra. Se ao nosso redor e, sobretudo, se em nosso interior existe tanto ruído, tantas vozes alheias, tanto espírito mundano, então não poderemos escutar ao E. Santo. E se não o escutamos, tampouco saberemos o que Ele deseja e nos sugere. E assim nunca vamos perceber sua presencia em nossa alma nem vamos acreditar em sua atuação e influência em nossa vida.

3. Outra disposição é a oração humilde. Diz o Padre: “Parece-me que chegou o momento em que iremos juntar as mãos e orar. Necessitamos muito mais de oração que de exercícios. Certamente, isso não quer dizer que devamos deixar de praticar o amor filial.

Mas sabendo que só possuímos as velas e que é o Espírito Santo quem deve insuflar-las, nos sentimos em dependência total frente a Deus. Devemos cultivar, então, o heroísmo da oração humilde”. Havemos de ser mestres da oração e da humildade.

4. Uma última disposição que atrai o Espírito Santo é o espírito mariano. Sabemos que Maria, no dia de Pentecostes, encontrou-se no meio dos apóstolos. E não duvidamos que sobretudo por sua poderosa súplica maternal o Espírito Divino veio sobre cada um deles. E assim também nós devemos unir-nos a ela na espera do Espírito Santo.

Haveremos escutado alguma vez as palavras de São Grignion de Montfort, que o Padre Fundador repetia tantas vezes: O Espírito Santo quisera encontrar nas almas à Santíssima Virgem, quisera encontrar atitude e espírito marianos, quisera encontrar um amor profundo à ela. E quando Ele descobre numa alma a Maria, então não há alternativa que penetrar nesta alma com seus dons e realizar milagres de transformação.

E a causa disso? Como na Encarnação o Espírito Santo e a Virgem colaboraram para que nascesse Jesus, assim o Espírito de Deus quer também hoje em dia cooperar com Maria, para que Cristo, o Filho do Pai, nasça e viva em cada alma.

Por isso, não é casualidade que o Padre nos convida a ampliar nossa Aliança de Amor celebrando essa mesma Aliança também com o Espírito Santo. Então, Ele nos dará seus dons, o dom da sabedoria, para que todos possamos conquistar o espírito filial.

Perguntas para a reflexão

1. Tenho momentos de silêncio durante o dia?
2. Considero-me uma pessoa mariana?
3. Alguma vez pensei na Aliança com o Espírito Santo?