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ORAÇÃO À SAGRADA FACE Ó meu Jesus, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que a vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas volvei-a para nosso coração, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos haurir nesta fonte inesgotável as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém. ORAÇÃO DA AMIZADE Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecido de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque humanos. Fazei-me, obstante as dificuldades, bondoso e verdadeiramente amigo para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. Amém. Envie sugestões e duvidas para



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ESTUDOS
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A Liberdade do Homem

(Catecismo da Igreja Católica)

Deus criou o homem dotado de razão e lhe conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e o domínio de seus atos. "Deus deixou o homem nas mãos de sua própria decisão"(Eclo 15,14), para que pudesse ele mesmo procurar seu criador e, aderindo livremente a Ele, chegar à plena e feliz perfeição. (1)

O homem é dotado de razão e por isso é semelhante a Deus: foi criado livre e senhor de seus atos. (2)

I - LIBERDADE E RESPONSABILIDADE

A liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto, de praticar atos deliberados. Pelo livre-arbítrio, cada qual dispõe sobre si mesmo. A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade. A liberdade alcança sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança.

Enquanto não se tiver fixado definitivamente em seu bem último, que é Deus, a liberdade comporta a possibilidade de escolher entre o bem e o mal,de crescer em perfeição ou de definhar e pecar. Ela caracteriza os atos propriamente humanos.Torna-se fonte de louvor ou repreensão, de mérito ou demérito.

Quanto mais pratica o bem, mais a pessoa se torna livre. Não há verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça.A escolha da desobediência e do mal é um abuso de liberdade e conduz à "escravidão do pecado". (3)

A liberdade torna o homem responsável por seus atos, na medida em que forem voluntários. O progresso na virtude,o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre seus atos.

A imputabilidade e a responsabilidade de uma ação podem ficar diminuídas ou suprimidas pela ignorância, inadvertência, violência, medo, hábitos,afeições imoderadas e outros fatores psíquicos ou sociais.

Todo ato diretamente querido é imputável a seu autor:

Assim, o senhor pergunta a Adão, após o pecado no jardim: "O que fizeste?" (Gn,3,13). O mesmo pergunta a Caim.(4) A mesma mulher de Urias e o assassinato deste. (5)

Uma ação pode ser indiretamente voluntária quando resulta de uma negligência quanto a alguma coisa que deveríamos saber ou fazer, por exemplo, um acidente ocorrido por ignorância do código de trânsito.

Um efeito pode ser tolerado sem ser querido pelo agente, por exemplo, o esgotamento da mãe à cabeceira de seu filho doente. O efeito ruim não é imputável se não foi querido nem como fim nem como meio de ação, como poderia ser o caso de morte sofrida por alguém quando tentava socorrer uma pessoa em perigo. Para que o efeito ruim seja imputável, é preciso que seja previsível e que o agente tenha a possibilidade de evita-lo, como, por exemplo, no caso de um homicídio cometido por motorista embriagado.

A liberdade se exerce no relacionamento entre os seres humanos. Toda pessoa humana, criada à imagem de Deus, tem o direito natural de ser reconhecida como ser livre e responsável.Todos devem a cada um esta obrigação de respeito. O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade da pessoa humana, sobretudo em matéria moral e religiosa.(6) Este direito dever ser reconhecido civilmente e protegido nos limites do bem comum e da ordem pública. (7)

(1) Gaudium et Spes
(2) Santo Irineu
(3) Rm 6,17
(4) Gn 4,10
(5) 2Sm 12,7-15
(6) Dignitatis Humanae 2
(7) Dignitatis Humanae 7
A Liberdade Humana na Economia da Salvação

(Catecismo da Igreja Católica)

Liberdade e pecado. A liberdade do homem é finita e falível. De fato, o homem falhou. Pecou livremente. Recusando o projeto do amor de Deus, enganou-se a si mesmo, tornou-se escravo do pecado. Esta primeira alienação gerou outras, em grande número. Desde suas origens, a história comprova os infortúnios e opressões nascidos do coração do homem por causa do mau uso da liberdade.

Ameaças à liberdade. O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo.É falso pretender que "o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a satisfação de seu próprio interesse no gozo dos bens terrenos".(1) Por sua vez, as condições de ordem econômica e social, política e cultural requeridas para um justo exercício da liberdade são muitas vezes desprezadas e violadas. Estas situações de cegueira e injustiça prejudicam a vida moral e levam tanto os fortes como os fracos à tentação de pecar contra a caridade. Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina.

Liberdade e salvação. Por sua gloriosa cruz, Cristo obteve a salvação de todos os homens. Resgatou-se do pecado que os mantinha na escravidão. "É para a liberdade que "Cristo nos libertou"(Gl 5,10). Nele comungamos da "verdade que nos torna livres".(2) O Espírito Santo nos foi dado e, como ensina o apóstolo, "onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade"(2Cor 3,17). Desde agora participamos da "liberdade da glória dos filhos de Deus". (3)

Liberdade e graça. A graça de Cristo não entra em concorrência com nossa liberdade quando esta corresponde ao sentido da verdade e do bem que Deus colocou no coração do homem. Ao contrário, como a experiência cristã o atesta, sobretudo na oração, quanto mais dóceis formos aos impulsos da graça, tanto mais crescem nossa liberdade íntima e nossa segurança nas provações e diante das pressões e coações do mundo externo. Pela obra da graça, o Espírito Santo nos educa à liberdade espiritual,para fazer de nós livres colaboradores de sua obra na Igreja e no mundo.

"Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculos, para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos a vosso serviço". (4)

(1) Congregação da Doutrina da Fé, instr. Libertatis Conscientia
(2) Jô 8,32
(3) Rm 8,21
(4) Missal Romano, coleta do 32o. domingo

AS IMAGENS PERMITIDAS



Sobre questão das imagens, já exaustivamente justificada ao longo dos séculos pela Igreja, ainda cobre-se uma sombra de confusão. Essa questão, irmão Ismael, não teve início na "reforma" de 1517, mas muito antes já se punha em discussão a iconografia cristã. Felizmente, poucos eram os que se opunham às imagens cristãs. Existem dois artigos retirados de um site protestante, "Textos da Reforma", cujos títulos mostram os seguintes dizeres "É abominação atribuir forma visível a Deus", dividido em duas partes. Digo o seguinte: CONCORDO PLENAMENTE! Pode parecer estranho afirmar isso, posto que sou católico, mas vou lhe explicar. O texto, muito bem redigido sob aspectos normativos e, aparentemente, científicos, peca em detalhes de comum engano entre a teologia protestante. Um deles é a insistência de impor algo aos católicos, e esse "algo" é a "adoração" de imagens. Sim, a palavra é imposição, pois se há alguém que afirme alguma coisa de forma contínua e insistente, mesmo após o oponente apresentar contra-argumentos já à exaustão, com todas as contra-provas possíveis, esta afirmação se transforma em imposição de idéia.

O mundo é politeísta, pode se dizer assim. Não há concordância mundial entre qual é o "deus" que predomina, se há algum "deus" que predomina no mundo. O Deus dos cristãos é Iahweh, assim como dos judeus. O deus dos muçulmanos é Alah, que nada mais é do que o nome "deus" em árabe. Os espíritas dizem crer no mesmo deus que os cristãos, pois que "o cristianismo e o espiritismo ensinam as mesmas coisas" (citação livre do livro "Evangelho segundo o espiritismo"). Já nos tempos do patriarca Abraão, os babilônios dispunham de vários deuses, assim como todos os demais povos. A saber, Abraão foi o primeiro a professar o monoteísmo. Os romanos e gregos compartilham deuses que mudam de nome de uma cultura para outra, mas completamente antropomórficos. As religiões dos orixás fervilham em entidades deificadas. Os indígenas possuem deuses que hoje já deram até nome de time de futebol (aqui no Maranhão existe um time com nome de Tupã). O hinduísmo, com suas grandes histórias contidas nos Vedas, nos mostram deuses hierarquizados, aos milhares. Nas épocas antigas a superstição imperava no aparecimento de deuses. Para os nórdicos existe Tor, deus do trovão, filho de Odin, o deus dos deuses, e eterno inimigo de seu meio-irmão Loki, deus do mal. E assim vários outros deuses, ligados a algum fato natural ou função humana. Como vimos, "deuses" não faltam.

Entretanto, as três grandes religiões do mundo são monoteístas. A saber, o judaísmo, cristianismo e islamismo. Tudo começou quando Deus chamou o babilônio Abrão para uma terra desconhecida, e lhe prometeu ser "pai de uma multidão de povos". A partir daí se formou o povo hebreu, mais tarde a religião judaica. O cristianismo teve seu embrião quando, na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho à terra para salvar-nos da segunda morte. Pouco mais de meio milênio após, ao futuro líder religioso Mohhammad foi enviada uma mensagem, proveniente de Deus, pelo arcanjo Gabriel. Era o Alcorão. Estava nascendo a religião islâmica.

É interessante notar que o Deus cristão é Uno e Trino, enquanto no judaísmo e islã Ele é tido como Único, sem Trindade nenhuma.

A estas três religiões Deus fez-se entender através de várias formas. Os livros sagrados das três religiões são incontestavelmente, para elas, obras de Deus, palavra inerrante e perfeita, e deve ser seguida como preceito divino, como o é de fato. O Torah judaico, o Evangelho cristão e o Alcorão islâmico formam o conjunto das revelações de Deus para estes povos. Desobedecer algo que esteja escrito, partindo do pressuposto de que é palavra de Deus, é desobedecer ao próprio.

Moisés e o Pentateuco

Ao profeta Moisés Deus deu autoridade para ir diante do faraó egípcio que mantinha seu povo em cativeiro e reivindicar a liberdade, sob pena de castigo divino. Após o feito, a libertação do povo hebreu, Moisés levou-os ao deserto, tudo sob guia de Deus. No monte Sinai Deus teve uma conversa com Moisés, na qual deu a ele, escrita pelo dedo de Deus, as leis. Todo o Pentateuco, com exceção do Gênesis, agora dispõe de uma base legal para a formação da religiosidade do povo liberto por Deus do Egito, o qual fora prometida uma terra "que emana leite e mel".

Essas leis, chamadas de Decálogo, estão escritas no livro do Êxodo, no capítulo 20, e repetidas no livro do Deuteronômio. Este é um dos capítulos mais usados pelos cristãos protestantes para acusar os católicos de "idolatria". Vamos a ele, versículo 4:

Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima no céu, ou embaixo sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra.
Seguem-se os demais itens da lei.

No livro do Deuteronômio, caps. 27 e 28, estão umas das mais belas e mais aterrorizantes expressões de toda a bíblia: as bênçãos e as maldições. Dt 27, 15 cita o seguinte:

Maldito o homem que fabrica ídolo de madeira ou metal (abominação ao Senhor, obras de mãos de artesãos), e o erige mesmo que seja em lugar escondido.
Daí por diante a leitura nos acalma e apavora, nem sempre nessa ordem.

A caminhada de Moisés é encerrada com a idade de 120 anos, antes que ele pudesse atravessar o rio Jordão, por ordem de Deus, que também indicou Josué para ser o novo líder do povo de Israel. Moisés disse a Josué "Mostra-te varonil e corajoso, porque entrarás com esse povo na terra que o Senhor jurou a seus pais dar-lhes, e a repartirás entre eles". (Dt 31, 7). Moisés, após um belo discurso abençoando as tribos de Israel, subiu ao monte Nebo, bem em frente à cidade prometida: Jericó, onde "morreu ali na terra de Moab, como o Senhor decidira" (Dt 34, 5).

Êxodo 20, 4a versus Êxodo 25, 18a.

Logo após Moisés ter recebido a lei do próprio Deus, ao descer do monte Sinai, focalizou algo que, como diríamos, foi o cúmulo. Os israelitas estavam adorando uma imagem, um bezerro feito de ouro que, para aquele povo, era o teu deus, que te tirou do Egito (Ex 32, 4b). É importante notar aqui esta frase, proclamada pelo povo: "Eis, ó Israel, o teu deus". Note que o povo proclamava que o bezerro de ouro era um deus, e cantavam e dançavam ao redor dele. Também é interessante que Israel não tinha por intenção primária adorar outro deus, mas sim o mesmo Deus que os tirou do Egito, mas, fabricando uma imagem do invisível, acabariam por adorar uma criatura esculpida (um bezerro). A causa disto, sem dúvida, foi a demora de Moisés em descer do monte.

Em Êxodo 20, 4a temos estas palavras de Deus:

Não farás para ti escultura
Em Êxodo 25, 18a temos, também de Deus, estas palavras:

Farás dois querubins de ouro.
É comum observar a teologia protestante não atribuir importância a esse fato tão óbvio. O protestantismo alega que esses querubins não foram feitos para o mesmo fim que as imagens católicas são. Afirmam que "os Querubins, de asas estendidas, ocultavam a Deus, o véu o cobria e o próprio lugar, tão escondido, de si mesmo o ocultava (Ex 25.17,18,21). Portanto, salta aos olhos que os que tentam defender uma imagem de Deus ou de santos, citando o exemplo desses Querubins, estão enlouquecidos. Suplico, pois: Que significavam essas imagenzinhas senão que não existem formas apropriadas pelas quais se possam representar os mistérios de Deus? Elas foram feitas para, velando com as asas o propiciatório, impedir não só que os olhos humanos vissem a Deus, mas também com quaisquer de todos os outros sentidos e, dessa forma, pusessem um paradeiro à temeridade dos homens". Essas "imagenzinhas" são, ironicamente, ordens de Deus. O que se discute aqui é a questão de proibir ou não uma imagem, e não de como usá-la. Deus, através da imagem da serpente de bronze, é quem vai nos mostrar como usar uma imagem.

Voltando ao texto, vemos que alude a uma "tentativa" da Igreja Católica de defender uma imagem de Deus ou de santos, mas vamos observar o seguinte:

Deus disse:

Não farás para ti escultura
E depois disse:

Farás dois querubins de ouro
Pode Deus ordenar uma coisa e depois "desordená-la" logo após? Claro que sim, afinal, Ele é Deus e pode tudo. Ele poderia permitir algo que Ele mesmo proibiu? Claro, Ele criou a lei, Ele É acima da lei. Esse detalhe mostra que Deus proibiu a confecção de imagens, mas não o fez de forma absoluta. Para tudo Deus tem motivos, planos. A proibição de imagens teve um motivo, que quem estuda a bíblia mais profundamente, juntamente com a história das civilizações daquela época, consegue discernir. Da mesma forma, a permissão de Deus para que fossem feitas imagens também teve um motivo. Não há aqui contradição, mas uma sabedoria que transcende a nossa razão. Deus permitiu que fossem feitas certas imagens porque elas não teriam a função que as demais imagens porventura feitas pelo seu povo teriam: serem adoradas no Seu lugar. Aliás, não seriam elas, as imagens, o alvo da proibição de Deus, mas a crença em deuses fora dEle, o afastamento da aliança de Seu povo para com Ele. Este era o fim pelo qual o objeto que causava tais coisas, naquele tempo as imagens de deuses estranhos, foram proscritas, pois era assim que os povos representavam seu cotidiano, sua história, seus deuses, etc.

A ordem de Deus na feitura dos querubins era para proteger a tampa da Arca da Aliança, e era onde Deus se manifestaria, do meio dos querubins (Ex 25, 22). Esses pequenos querubins não seriam adorados, mas com certeza, seriam respeitados como objetos sagrados, assim como toda a Arca, pois era lá que estava a lei de Deus. É isso que a Igreja Católica entende e ensina sob o nome de Veneração.

Lemos em Números 21, 8-9:

E o Senhor disse a Moisés: faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste... Moisés fez, pois, uma serpente de bronze
Se a ordem de Deus em Ex 20, 4 fosse absoluta, sem exceções, Moisés seria, "como os católicos", idólatra? Mas não é esse o caso. Essa imagem também não era feita para adoração, mas era tida pelos hebreus com o maior respeito (veneração), por ser algo sagrado, mandado por Deus, pois quem olhasse para ela seria salvo, no sentido de obter a saúde, mas também uma figura da salvação oferecida por Nosso Senhor na cruz. E não era a imagem que salvava, mesmo o povo olhando em direção a ela, era Deus quem fazia a obra. Qualquer semelhança com hoje não é mera coincidência. A teologia protestante também vê aqui um "engano" católico. Essa serpente de bronze foi destruída pelo rei Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, pois o povo estava prestando adoração a ela. Vejamos:

Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau, Asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até estão queimado incenso diante dela (Chamavam-na Nehustã) (2 Rs 18, 4)
O protestantismo aqui alega mais uma passagem contra as imagens, dizendo que o próprio Deus ordenou a sua destruição. E têm toda razão os evangélicos. Deus realmente ordenou a destruição dessa imagem, mas, como sempre, por algum motivo, qual seria? Os israelitas estão queimando incenso diante dela. Em outras palavras, estavam adorando-a, tanto que deram até nome a ela. Aqui não há semelhança com a queima de incenso usada pelos católicos pelo seu significado. Deus deu tal ordem porque Seu povo começou a confundir algo que deveria ser venerado, e passaram a substituir as honras e adoração devida a Deus pela imagem da serpente.

Existe uma frase do direito romano que diz Abusus non tollit usus, o abuso não proíbe o uso. Sendo verdade que existem católicos que adoram imagens, o que não é nada impossível, mesmo assim não seria motivo para destruir nem para deixar de usá-las. Aqui não há proibição para a feitura de imagem, mas fica clara a proibição quanto a adoração de imagem como um verdadeiro deus ou deusa, em esquecimento do Deus único e verdadeiro. Daí a proibição de Êxodo 20, 4. Quando, diante de uma imagem, diz-se "tu és meu Deus", isto é idolatria. Mas é exatamente isto que os católicos não fazem. Veja o exemplo do bezerro de ouro. Os israelitas, com todas as palavras, disseram "Eis o teu deus Israel". Aos santos e santas da Igreja não é dado outro nome que não o seu próprio, e não outra qualidade que não a que Deus os concedeu, a santidade, não a divindade. Não dizemos "ó São Francisco, nosso deus"... Sobre nós, católicos, dizem: "Eles dizem: ‘Não chamamos às imagens de nossos deuses.’ Nem os judeus nem os gentios chamavam deuses outrora". A observação do episódio do bezerro em si atesta o erro da assertiva.

A Igreja Católica atribui formas visíveis a Deus?

As manifestações de Deus (teofania) eram visíveis. Mas a Igreja nunca intencionou atribuir forma visível a Deus, pois Ele é um Deus invisível, e não pode ser representado. As visões de Deus na bíblia apontam para um ancião sentado em um trono, mas a Igreja nunca impôs alguma imagem, nem de Deus nem de ninguém, nem repreende quem a faz de livre e espontânea vontade e sem compromisso. Dizer que a Igreja busca reproduzir uma imagem de Deus e que adora outros deuses é um grande absurdo. Deus é invisível, por isso toda tentativa de representa-lo como Ele deve ser e cultuar como uma divindade essa representação é correr risco de representar um deus desconhecido, e cair na idolatria. Outro motivo para Ex 20, 4.

Entretanto, quando o Senhor fez-se carne e habitou entre nós pelo seio virginal daquela que deve ser proclamada bem-aventurada por todas as gerações, Ele adquiriu forma humana, e, apesar de não haver nenhum "retrato falado" de Jesus, as fontes disponíveis tornaram possíveis as representações de Deus-Filho, nunca de Deus-Pai. Mesmo assim, a Igreja nunca definiu nenhuma imagem oficial, pois ela sabe que não chegará ao fiel. É por isso que Jesus é desenhado até sem a barba por alguns artistas.

Os cristãos sempre atribuíram formas às histórias bíblicas. Nas catacumbas romanas estão desenhos dos mais antigos. Os cristãos primitivos, que eram marginalizados, se reconheciam pela imagem do peixe (ictis). Existem ícones atribuídos a São Lucas, que era grego. Inicialmente Jesus era representado como um pastor de ovelhas, em alusão à figura do Bom Pastor, e posteriormente passou a ser representado como crucificado. Não havia idolatria nenhuma nisso.

Quanto ao texto, este cita o seguinte "Uma vez feitas as imagens que representam Deus, segue-se de pronto a sua adoração, porque nelas os homens pensam contemplar a Deus e nelas também O adoram". Vemos que o erro está na forma de conceber a utilidade das imagens na Igreja Católica: "imagens para representar Deus". Este é outro pecado da teologia protestante. Construir imagem para representar Deus sempre será erro, até heresia, pois Ele não tem forma, é imaterial, não tem limites. Mas Seu Filho feito homem sim! E este pode ser representado. As imagens de santos em nenhum lugar onde pise um católico neste mundo têm objetivo de representar ninguém menos do que o próprio santo, e não Deus.

Não passa pela cabeça de católico algum que um Santo seja um "deusinho" para competir com o Deus verdadeiro; pelo contrário, sabemos todos que os Santos são Santos pela Graça de Deus. Ao se fazer uma imagem de um Santo, sabemos que não está se fazendo um "deusinho", mas homenageando, como se homenageia com uma estátua em via pública, um irmão nosso que, nas palavras de São Paulo, chegou ao fim da corrida assim como admiramos a beleza da ação de Deus e Seu Espírito nesta pessoa, por isso damos tanta importância e respeitamos tanto os Santos do Senhor, pois não eram mais eles que viviam, mas o próprio Cristo que vivia neles, como nos diz São Paulo. Uma imagem não é sacra por ser uma imagem; ela deve ser abençoada, isto é, dedicada por um sacerdote ao serviço de Deus. Por ter sido abençoada, por ter se tornado um Sacramental, um objeto separado pela Igreja para o culto a Deus. Semelhante aos judeus com a arca, devemos ter com ela o cuidado devido a algo que é propriedade exclusiva de Deus, além de representar alguém que é uma obra-prima de Deus: um Santo.

O que, na verdade, ensina a Igreja Católica?

A Igreja ensina o seguinte.

A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova "economia" de imagens.
Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem aparência, não podia ser em absoluto representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus (...) com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor (São João Damasceno, Imagens, 1, 16)
A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra iluminam-se mutuamente
Todos os sinais da celebração litúrgica são relativos a Cristo: são-no também as imagens sacras da santa mãe de Deus e dos santos. Significam o Cristo que é glorificado neles. Manifestam a "nuvem de testemunhas" (Hb 12,1) que continuam a participar da salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, revela-se à nossa fé o homem criado "à imagem de Deus" (Rm 8, 29) e transfigurando-se "à sua semelhança" (1 Jo 3, 2), assim como os anjos, também recapitulados por Cristo.
Na trilha da doutrina divinamente inspirada por nossos santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos. (II Concílio Ecumênico de Nicéia, 787).
A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto do hinos litúrgicos entra em harmonia dos sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis.
Estes textos são dos parágrafos 1159-1162 do Catecismo da Igreja Católica.

Entretanto, a observação protestante não vê dessa forma. As imagens católicas, ao invés de "veneráveis" são "adoráveis". Sim, são "adoráveis". "Adorável", tudo neste mundo é! Mas não são adoradas, são veneradas.

Mas "Não ignoro, nem se pode disfarçar, que eles fogem do problema, criando uma distinção enganadora, distinção de que faremos menção, novamente, de forma mais completa, mais adiante. Dizem eles que o culto que prestam às imagens é eidoludeleian (=serviço à imagem) e não eidolatria (=adoração de imagem). Falam assim, quando ensinam que, sem ofensa a Deus, pode-se atribuir – às representações de escultura e pictória – o culto a que dão o nome de dulia. Portanto, julgam-se sem culpa se são apenas os servos da imagem, e não adoradores também. Como se o servir não fosse mais importante que o adorar!". Servir não é adorar em si. Poderíamos estender este possível conceito para os demais campos da vida? Se um empregado "serve" ao seu patrão, ele é um idólatra, pois, na verdade, está "adorando" aquele chefe. O que dizer dos responsáveis pela manutenção de esculturas nos museus, pelas empregadas domésticas, etc? Todos estes "servem" algo ou alguém o seu trabalho. Seriam os responsáveis pela limpeza de uma estátua, idólatras, mesmo sendo evangélicos? Poder-se-ia dizer que não é este o sentido da palavra servir. Pois qual seria? Servir no sentido de adorar? Então a palavra não é "servir" e sim "adorar". O serviço a Deus é uma coisa. Adoração a Ele é outra. Muitas pessoas pelo mundo O servem, mesmo sem saber, pois não O conhecem, mas possuem em seus corações a essência de Seu mandamento. Por outro lado, existe quem o "adore", mas não o serve, buscando apenas serem servidos.

É abominação atribuir forma visível a Deus? CONCORDO PLENAMENTE, reafirmo. Qualquer forma de atribuir uma imagem a Deus-Pai é errado. É abominação atribuir forma visível a Deus-Filho? Não! Deus-Filho, Nosso Senhor Jesus, tem forma humana visível, imagem do Deus invisível (Cl 1, 15). Ele pode ser representado, e é isto que os cristãos sempre fizeram, sem perigo de ser um "deus falso".

Quanto à idolatria, a Igreja ensina que

o primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige que o homem não acredite em outros deuses afora Deus, que não venere outras divindades afora a única. A Escritura lembra constantemente esta rejeição de "ídolos, ouro e prata, obras das mãos dos homens", os quais "têm boca e não falam, têm olhos e não vêem...". Esses ídolos vãos tornam as pessoas vãs: "os que fazem ficam como eles, todos aqueles que neles confiam" (Sl115, 4-5.8). Deus, pelo contrário, é o Deus "vivo" (Js 3, 10, etc), que faz viver e intervém na história.
A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos de paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem honra e venera a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou demônios, do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc. "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" disse Jesus. Numerosos mártires foram mortos por não adorarem "a besta" (Ap 13-14), recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus, é, portanto, incompatível com a comunhão divina.
O idólatra é aquele que "refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus".
CCE 2112-2114

A teologia protestante, para esta descrição, diria "mas é isso que os católicos fazem, venerar um santo no lugar de Deus". Esta afirmação carece de entendimento. Nós católicos veneramos santos, mas não no lugar de Deus. Deus continua sendo venerado e adorado sempre, sem "substituição". Se se prestassem bem atenção às orações dirigidas aos santos poderia-se perceber que o fim, o objetivo da oração é a intercessão do santo a alguém maior que ele, e esse alguém é Deus. Apesar de o catolicismo popular geralmente exagerar nas devoções, e, aparentemente, parecer uma "idolatria", na profundidade percebemos que não há culto de adoração a determinado santo ou santa, mas profundíssimo respeito e fé em sua intercessão. Deus conhece o coração de cada um de nós.

Quando se questiona o ato de se prostrar em frente a uma imagem como evidência de adoração se esquece que este ato de se prostrar não significa adorar, mas sim uma forma de representar respeito, humilhação ou humildade. Não podemos acusar o patriarca Abraão de idólatra quando tendo levantado os olhos, apareceram-lhe três homens que estavam em pé junto dele; logo que os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se por terra. E disse: Senhor, se achei graça diante dos Teus olhos, não passes adiante do teu servo (Gn 18,2), pois o ato em frente aos três homens, que na verdade eram anjos, não o desviou de Deus, como atesta sua oração. Os católicos, ajoelhando-se em frente a uma imagem nem por isso estão adorando-a, não a tem como deus, mas como um santo que pode interceder em favor deles, como atestam as suas orações. Creio que ainda vamos conversar sobre a intercessão dos santos...

São Tomás de Aquino, em sua famosa Summa Theologica, diz que

O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidade, mas as considera em seu aspecto próprio de imagem que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem.
Iconoclastas – certos ou errados?

Em alguns pontos da história, a população cometeu excessos, fazendo com que houvesse uso abusivo das imagens. No século VIII, na Igreja Oriental, surgiu o movimento chamado iconoclasmo. Desde o começo, a arte cristã representou os santos. Na piedade popular dos gregos os famosos ícones tinham papel importante, sendo, sobretudo monges que incentivavam o uso das imagens como forma de avivar a fé. Contudo, como em outras expressões da Igreja Oriental, também aqui o perigo de excessos e usos errados das imagens era iminente. Desenvolveu-se uma verdadeira comercialização de imagens fora do âmbito da igreja (isso é importante frizar!). Houve abusos na representação de Cristo e Maria Santíssima nos mais variados objetos, desde móveis e roupas até brincos e anéis. Paulatinamente a população começou a confundir a imagem com o santo que a representava. Para esse povo simples, a diferença entre adoração e veneração corria o risco de ser esquecida.

No início do século VIII, desencadeia-se a luta entre os aguerridos adeptos das imagens e seus fanáticos adversários, os iconoclastas (destruidores de imagens). O imperador bizantino Leão III, o Isáurico, que libertara Constantinopla do islã em 717, e empreendia então a reconquista da Ásia Menor, colocou-se à frente dos iconoclastas. Ordenou, em 730, a retirada de todas as imagens das igrejas, inclusive as pintadas nas vestes litúrgicas. Esse movimento tinha influência das culturas judaicas e maometanas, sendo ambas radicais quanto às imagens. Só lembrando que em alguns países muçulmanos nem mesmo um retrato da mãe pode ser visto porque Alá é o único Deus e só Ele pode ser adorado.

Continuando. Leão III combateu os excessos da população com outro excesso, a destruição das imagens sacras. Como já Abusus non tollit usus. A representação de Cristo e dos santos pertencia legitimamente à herança cristã. Sua proibição radical feria a tradição secular da Igreja, e não tardou em assumir o iconoclasmo ares de heresia, pelo fato de parecer negar o direito de representar a humanidade de Cristo.

O patriarca de Constantinopla, Germano, recusou-se a aceitar a ordem do imperador e foi deposto. O papa da época, Gregório II excomungou os iconoclastas. Os monges se rebelaram abertamente. A luta pelas imagens sacras tomou ares de verdadeira guerra civil, que abalou os fundamentos do império. O povo viu no iconoclasmo uma monstruosa manifestação de despotismo político por parte do imperador. Meio século se passaria antes que voltasse a paz. A ortodoxia obteve a vitória quando a imperatriz Irene (797-802) alterou a política em favor da veneração das imagens. O Concílio Ecumênico de Nicéia II (787 d.C) restaurou a veneração das imagens, mas tomou medidas para que novos excesso não viessem a ocorrer de novo. Uma nova perseguição iconoclasta teve lugar sob o governo do imperador leão V, o Armênio (813-820), e seus seguidores. Até que, pela segunda vez, uma mulher assumisse o trono, a Imperatriz Teodora (842-856). Com ela a guerra iconoclasta teve seu fim definitivo em 842.

O Santo Concílio Ecumênico de Nicéia, 787 d. C.

O Concílio Ecumênico de Nicéia (787 d.C) restaurou a veneração das imagens, mas tomou medidas para que novos excesso não viessem a ocorrer de novo. O Santo Concílio disse:

Nós definimos com todo o vigor e cuidado que, à semelhança da representação da cruz preciosa e vivificante, assim as veneradas e sagradas imagens pintadas, quer em mosaico, quer em qualquer outro material adaptado, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas, nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas casas e ruas, sejam elas a imagem do Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa, a santa mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos justos
A Igreja Católica jamais obrigou alguém a adorar uma imagem - ao contrário do que as igrejas protestantes impõem. Prova disso são os documentos editados nestes 2000 anos pelo Magistério da Igreja, bem como pelos Padres e Teólogos católicos. Há, assim, uma unanimidade entre a Bíblia, a Sagrada Tradição e o Magistério, o que bem demonstra o fiel cumprimento da Palavra de Deus. Aliás, é bom que se diga: a Igreja Católica sempre condenou, desde os tempos apostólicos, a adoração de imagens. O catecismo do Concílio de Trento, em 1566, disse

A idolatria é cometida quando se adoram ídolos e imagens como se fossem Deus, ou quando se acredita que elas possuem qualquer divindade ou virtude que autorizam sua adoração, orando para elas ou confiando nelas
Também o novo Catecismo da Igreja Católica, fiel à Palavra de Deus, condena a adoração de imagens em seus parágrafos 2112 à 2114, já citados aqui. Portanto, por que retirá-las - já que não são deuses - se elas ajudam mais do que atrapalham, principalmente no campo pedagógico? Se, para você, elas são "abominação", simplesmente não faça uso delas, porém, não as condene indiscriminadamente, pois até Deus as mandou fazer (cf.: Ex 25,18-20; 1Cr 28,18-19; Ez 41,15; Nm 21,8-9; etc...).

Não é porque os católicos têm estátuas nos templos e oram na frente delas que estão necessariamente violando o mandamento divino de Ex 20,4. Deus nunca condenou o uso de imagens; o que ele proibiu foi que adorássemos as imagens como, de fato, ocorreu com os hebreus que, verdadeiramente, adoraram um bezerro de ouro e, mais tarde, a própria serpente de bronze. Seria bom se o protestantismo não usasse as imagens para justificar sua posição separado, pois nem a própria Bíblia fornece subsídios suficientes para isso.

Aborto

(Catecismo da Igreja Católica)

A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida. (1)

Antes mesmo de te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei (Jr 1,5). (2)

Meus ossos de te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda (Sl 139,15).

Desde o século I, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer, querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral:

Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém nascido.(3)

Deus, senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de maneira condigna ao homem.

Por isso a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde a concepção. O aborto e o infanticídio são crimes nefandos. (4)

A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave. A igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana. "Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão Latae Sententiae"(5) (de sentença já promulgada, indica que o transgressor incorre na excomunhão sem que a autoridade competente precise pronunciar-se) "pelo próprio fato de cometer o delito"(6) e nas condições previstas pelo Direito.(7) Com isso, a Igreja não quer restringir o campo da misericórdia. Manifesta, sim, a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente morto, a seus pais e a toda a sociedade.

O inalienável direito à vida de todo indivíduo humano inocente é um elemento constitutivo da sociedade civil e de sua legislação:

"Os direitos inalienáveis da pessoa devem ser reconhecidos e respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política.Os direitos do homem não dependem nem dos indivíduos, nem dos pais, e também não representam uma concessão da sociedade e do Estado: pertencem à natureza humana e são inerentes à pessoa em razão do ato criador do qual esta se origina. Entre estes direitos fundamentais é preciso citar o direito à vida e à integridade física de todo ser humano, desde a concepção até a morte. (8)

Suicídio

(Catecismo da Igreja Católica)

Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.

O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente ao amor do próximo, porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor de Deus vivo.

Se for cometido com intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrária à lei moral.

Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida.

Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra sua própria vida.

O Juízo Particular

(Catecismo da Igreja Católica)

A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo (2Tm 1,9-10). O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão, assim como outros textos do Novo Testamento (1), falam de um destino último da alma (Mt 16,26), que pode ser diferente para uns e outros.

Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, um Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de um purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre (2).

No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor (São João da Cruz).

A Purificação Final ou Purgatório

(Catecismo da Igreja Católica)

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados.

A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura*, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:

No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro (São Gregório Magno).

Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Mc 12,46). Desde os defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:

Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles (São João Crisóstomo).

· Por exemplo 1Cor 3,15; 1Pd 1,7

O Inferno

(Catecismo da Igreja Católica)

Não podemos estar unidos a Deus se não fizemos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nos mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos (Mt 25,31-46). Morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado de Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".

Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga" *, reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo (Mt 10,28). Jesus anuncia em termos graves que "enviará seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciará a condenação: "Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25-41).

O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muito são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14):

Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes (Lumen Gentium 48).

Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se" (2Pd 3,9):

Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; daí-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos (Missal Romano, Cânon Romano 88).

* Conforme Mt 5,22-19; 13,42-50; Mc 9,43-48

O Céu

(Catecismo da Igreja Católica)

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem "tal como ele é" (1 Jo 3,2), face a face (1 Cor 13,12):

Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morrerem, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a face, sem mediação de nenhuma criatura (Bento II, Benedictus Deus: DS 1000; cf. LG 49)

Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominado "o Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.

Viver no Céu é "viver com Cristo" (Jô 14,3). Os eleitos vivem "nele", mas lá conservam - ou melhor, lá encontram - sua verdadeira identidade, seu próprio nome (Ap 2,17):

"Vita est enim esse cum Christo, ideo ubi Christus, ibi vita, ibi regnum - Vida é, de fato, estar com Cristo; aí onde está Cristo, aí está a Vida, aí está o Reino" ( Santo Ambrósio).

Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.

Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera toda compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida, luz, paz, festim de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, Paraíso. " O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam" ( 1 Cor 2,9).

Em razão de sua transcendência, Deus só poderá ser visto tal como é quando Ele mesmo abrir seu mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para tanto. Esta contemplação de Deus em sua glória celeste é chamado pela Igreja de "visão beatífica":

Qual não será tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de participar das alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor teu Deus (...) desfrutar no Reino dos Céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, as alegrias da imortalidade adquirida (São Cipriano).

Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em relação aos outros homens e à criação inteira. Já reinam com Cristo; com Ele "reinarão pelos séculos dos séculos ( Ap 22,5).

O Juízo Final

(Catecismo da Igreja Católica)

A ressurreição de todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15), antecederá o Juízo Final. Este será "a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para mal, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,28-29). Então Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a vida eterna" (Mt 25,31-33.46).

É diante de Cristo - que é a Verdade - que será definitivamente desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus. O Juízo Final há de revelar até as últimas conseqüências o que tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida terrestre:

Todo o mal que os maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que " Deus não se calará" (Sl 50,3), voltar-se-á para os maus: "Eu havia", dir-lhes-á, "colocado na terra meus pobrezinhos para vós. Eu, seu Chefe, reinava no céu à direita do meu Pai, mas na terra os meus membros passavam fome. Se tivésseis dado aos membros , vosso dom teria chegado até a Cabeça. Quando coloquei meus pobrezinho na terra, os constituí meus tesoureiros para recolher vossas boas obras em meu tesouro; vós, porém, nada depositastes em suas mãos, razão por que nada possuís junto a mim" (Santo Agostinho).

O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte (Catechesi tradendae 8,26).

A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens "o tempo favorável, o tempo da salvação" (2 Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor de Deus. Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a "bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da volta do Senhor, que "virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na pessoa de todos aqueles que

A HOMOSSEXUALIDADE

(Catecismo da Igreja Católica)

A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (cf. Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1Cor 6,9-10; 1Tm 1,10), a tradição sempre declarou que "os atos de homossexualidade" são intrinsecamente desordenados ( cf. Congregação da Doutrina da Fé). São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva a sexual verdadeira. Em caso algum ser aprovados.

Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor às dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição.

As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.